História sem história
Estes bons exemplos, de que tanto necessitamos, não acontecem por acaso. O sucesso é sinónimo de talento e trabalho. Empresas locais, como a Herdade da Comenda Grande, conferem enorme riqueza ao território em que se inserem e constroem esse mesmo território sem fogos e sem pobreza.
Partilhar em O MIRANTE coisas boas é o meu maior gosto. Até porque acredito que a mudança, para melhor, se faz pelo exemplo. Muitos conhecerão os excelentes vinhos da Comenda Grande, no Tejo (bacia do Tejo), mas do lado de cá. A história deste projeto de empresa vínica com apenas 16 anos, por isso ainda sem história, é um exemplo e deve constituir um orgulho nacional. Um exemplo de como uma história agrícola centenária, que se perde na memória dos tempos, se reinventou, com grande sucesso. Há muito mérito e trabalho nisso.
A história, muito mais do que um exemplo de reconversão agrícola, é uma lição cultural, social e económica. Os atores são duas gerações da família que sabem juntar o saber e a experiência dos pais com a juventude e energia dos filhos. Todos com muito crer e de mãos dadas, assessorados com saber técnico, como muitas vezes não acontece. Onde antes havia trigo, hoje há vinho; onde era o celeiro, hoje é uma adega. Essencial é a excelência da construção do centenário edifício (monte) que suporta esta reconversão com grande beleza, segurança e dignidade. Como em tudo na vida, só vale a pena fazer bem. E o resto, o que aí vem, adivinha-se: ampliação da adega e do salão de festas e eventos, aumento da área de vinha, com o perfil perfeitamente definido, aposta forte no enoturismo com muita qualidade. O resultado só pode ser um, sem surpresa: sucesso.
Estes bons exemplos, de que tanto necessitamos, não acontecem por acaso. O sucesso é sinónimo de talento e trabalho. Empresas locais, como a Herdade da Comenda Grande, conferem enorme riqueza ao território em que se inserem e constroem esse mesmo território sem fogos e sem pobreza. O resto é conversa que promove miséria. Esta história de família foi partilhada pelo pai comendador, pela mãe, filhos e enólogo, numa excelente tertúlia com jantar das Tabernas do Alentejo – arte e ciência, projeto do Orçamento Participativo Portugal 2017 para o qual desejo que se sintam todos convidados.
Carlos A. Cupeto
Universidade de Évora