As redes sociais são um mundo mas não são...todo o mundo
Há quem diga que os jornais já não são necessários porque se sabe tudo primeiro nas redes sociais. É aqui, quanto a mim, que reside o problema. Efectivamente há informações que chegam primeiro às redes sociais mas a maior parte não são notícias, para além de nunca se saber se são verdadeiras ou falsas.
As redes sociais não são órgãos de comunicação social, não sendo obrigadas a cumprir regras deontológicas e têm uma agenda própria e um público próprio, para além de servirem determinados fins, sejam pessoais, políticos ou corporativos.
Se os jornalistas, em vez de andarem todos a seguir as redes sociais, tivessem as suas próprias agendas e não insistissem em conquistar, ingloriamente, quem consome informação das redes sociais mas não lê jornais, teríamos certamente notícias. Assim, temos réplicas do que já foi colocado nos tweets, facebooks, etc, etc...ou seja, coisas irrelevantes, anedotas, falsidades e curiosidades e anormalidades.
Quando os jornais baixam ao nível das redes sociais e as tentam imitar perdem porque aquele não é o seu mundo. É como um político sério querer competir com o presidente americano, Donald Trump, na técnica de envio de tweets populistas e manipuladores. Vai perder porque está a lidar com um especialista na matéria.
Antes das redes sociais os jornais já tinham concorrência e não era só da televisão e da rádio. Tinham que se bater pela conquista do seu espaço (leitores e anunciantes) com outros jornais que tinham agendas próprias e que tentavam saber o que mais ninguém sabia e dar essas notícias em primeira mão.
Uma notícia só é notícia quando é publicada. E há centenas e centenas de notícias, muito importantes, à espera de serem descobertas, escritas e publicadas. E só não serão lidas se não houver jornalistas com criatividade suficiente para transformar assuntos importantes em assuntos...interessantes. Estou convencido que há muita gente à espera que isso aconteça para voltar a interessar-se por jornais. As redes sociais são um mundo mas não são...todo o mundo.
Fernando de Carvalho