Autarca de Fátima quer centro cultural no edifício dos Monfortinos
Presidente da junta de freguesia considera que o espaço deve estar ao serviço das colectividades do concelho de Ourém. Oposição PS também considera que imóvel não deve ser destinado apenas ao Conservatório de Música de Fátima.
O presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Humberto Silva (PSD), defendeu, durante a última sessão da Assembleia Municipal de Ourém, que caso o edifício dos Monfortinos venha a ser cedido, deve ser à Junta de Fátima para que, no futuro, possa ali ser criado um centro cultural, para servir todas as colectividades da freguesia e também do concelho.
Após essa sugestão, o presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque (PSD/CDS), apesar de não ter tecido considerações sobre o assunto, pediu para que o protocolo de cedência do edifício dos Monfortinos ao Conservatório de Música de Fátima (CMF) fosse retirado da ordem de trabalhos por conter incorrecções e ser melhorado. “O protocolo tem algumas incorrecções que são necessárias serem alteradas”, explicou a O MIRANTE
o autarca.
Na reunião camarária de 2 de Julho, os vereadores do Partido Socialista (PS) mostraram-se satisfeitos com o retrocesso do processo. “Embora considerando a mais-valia e o trabalho de excelência que o Conservatório tem feito em Fátima, bem como a possibilidade desta instituição ali continuar a funcionar, o edifício dos Monfortinos é demasiado valioso e importante para ser cedido a uma entidade privada, a qual pode, inclusive, passar os direitos para outra qualquer entidade, local ou não”, referiram os vereadores da oposição na sua declaração.
Os vereadores socialistas acrescentaram que Fátima merece ter na sua zona nobre, a Cova da Iria, um edifício digno, público, propriedade do município que se torne o ex-líbris cultural da cidade. “O edifício dos Monfortinos tem esse potencial e deve ser valorizado nesse sentido”, sublinharam.
Como O MIRANTE noticiou (ver edição 14 Junho 2018) a Câmara de Ourém tinha a intenção de ceder o edifício dos Monfortinos ao Conservatório de Música de Fátima e, em contrapartida, essa entidade cedia um terreno com cerca de cinco mil metros quadrados ao município. Com a proposta do presidente da Junta de Fátima fica a aguardar-se sobre que decisão o executivo municipal vai tomar.
Imóvel esteve para ir a hasta pública
O edifício dos Monfortinos alberga actualmente o Conservatório de Música de Ourém/Fátima e a Escola de Hotelaria de Fátima. Em 2011 (ver edição O MIRANTE 23 Fevereiro 2011) a Câmara de Ourém, liderada na altura pelo socialista Paulo Fonseca, quis alienar em hasta pública o edifício dos Monfortinos, em Fátima. A situação gerou discussão entre o executivo municipal, tendo o ponto sido retirado. Nessa altura, a oposição PSD apresentou novos números sobre o valor do edifício e o vereador Vítor Frazão (PSD) manifestou-se definitivamente contra a alienação.
Os vereadores do PSD entenderam que o contexto de crise não era favorável à alienação e referiram que os três milhões de euros propostos como valor base para a hasta pública não reflectiam a totalidade dos custos despendidos pela autarquia com o edifício. “O custo inicial do imóvel foi de 2.500.000,00 euros. Se a esta importância acrescentarmos as benfeitorias efectuadas no montante de 403.592,53 euros e, ainda, os valores da inflação a calcular a partir do ano da aquisição do edifício, facilmente concluiremos que algo não bate certo”, afirmaram os social-democratas.