Caudais elevados no Tejo dificultam obras no açude de Abrantes
Vice-presidente da câmara diz que o volume de água no rio não é normal nesta altura do ano. Em causa estão descargas de barragens espanholas.
As obras no açude insuflável de Abrantes estão a decorrer com dificuldades inesperadas causadas pelos elevados caudais registados no rio Tejo, que “não são normais para esta altura do ano”, referiu o vice-presidente da Câmara de Abrantes, João Gomes (PS), na última reunião do executivo camarário.
Os caudais demasiado elevados com débitos na ordem dos 500 a 600 metros cúbicos por segundo (m3/s) estão a atrasar a obra que necessitava de caudais inferiores a 80 m3/s para possibilitar a construção das ensecadeiras (dispositivos utilizados para a contenção temporária da acção das águas em superfícies escavadas). Segundo o autarca, as barragens espanholas estão com mais de 92% de capacidade de água armazenada e “de vez em quando abrem as comportas”.
Segundo João Gomes, as negociações com a Agência Portuguesa do Ambiente e com a espanhola Iberdrola permitiram uma janela temporária de 48 horas sem débito de água, o que permitiu a construção das ensecadeiras. Os trabalhos avançam agora com a colocação dos perfis metálicos e de madeiras e na próxima semana deve começar uma nova fase da intervenção de reparação. O autarca referiu ainda que há colaboração por parte da EDP, mas “a gestão do caudal é complexa”. “Não estava previsto um ano anómalo do qual não há comparação nos últimos dez anos”, refere.
Recorde-se que a estrutura foi desactivada em 2014 devido a obras na ponte rodoviária sobre o Tejo, que duraram cerca de dois anos, tendo sido entretanto alvo de vandalismo que impossibilitou a sua reactivação.