Filarmónica da Carregueira tocou pela primeira vez no Campo Pequeno
A banda da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense Vitória, da Carregueira, no concelho da Chamusca, foi criada em Maio de 1930, para tocar numa tourada de Quinta-feira da Ascensão, na Chamusca. A curiosidade foi revelada pelo maestro Pedro Oliveira, a propósito da estreia da banda na Praça do Campo Pequeno, em Lisboa, dia 19 de Julho, na Corrida de O MIRANTE, mais de 88 anos depois da sua criação.
A estreia da banda na maior praça do país foi devidamente assinalada quando o forcado Francisco Borges, do Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, lhe dedicou a segunda pega do grupo. O gesto tem significado maior porque são muito habituais os brindes dos artistas tauromáquicos às bandas que tocam nas corridas.
A banda é composta por meia centena de músicos jovens e se alguns tiveram a sorte de tocar no Campo Pequeno praticamente no início da sua actividade como músicos, como aconteceu com Xavier Rato, de 9 anos de idade, outros, como Armindo Luíza, tiveram muito que esperar. O trompetista, de 64 anos, que é o músico mais antigo no activo, só teve essa honra 51 anos após a sua estreia como músico.
Apesar da banda tocar regularmente em touradas, o facto de ir actuar no Campo pequeno obrigou a uma maior preparação. “Os ensaios foram muitos e intensos”, assegura Tiago Neves, 25 anos, presidente da associação, que explica que tocar numa tourada é muito diferente de tocar numa normal actuação, porque ali quem manda tocar é o director da corrida, quando acha que a lide do cavaleiro em praça merece, ou por exigência do público.
“Esse factor surpresa deixa qualquer músico, por mais bem preparado que esteja, bastante nervoso”, refere. “É o jogo do lencinho. Um lenço branco que o director de corrida poisa sobre o peitoril do varandim quando entende que o toureiro merece ouvir um pasodoble e os músicos têm que estar com atenção”, acrescenta.
Os músicos da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense Vitória chegaram de autocarro já fardados. Depois de tirarem os instrumentos da bagageira, seguiram logo para a praça, não dando tempo a O MIRANTE para grandes conversas.
Catarina Simão, de 16 anos, foi dizendo que apesar de estar habituada a tocar na praça de toiros da Chamusca tinha os nervos à flor da pele. “A diferença é muita, porque aqui a dimensão é totalmente diferente”, justifica.
Aparentemente mais descontraído, Xavier Rato diz que gosta de tocar em corridas de toiros mas que prefere os concertos por uma questão de...exposição pública. “Nas touradas estamos mais escondidos. Num palco as pessoas estão a ver-nos”, explica.