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Há novos jardineiros nas ruas de Azambuja
Jovens vão ajudar a manter Azambuja mais limpa

Há novos jardineiros nas ruas de Azambuja

Grupo de jovens que frequenta o curso de operador de jardinagem na CERCI - Flor da Vida está a zelar pelo espaço urbano da vila. Trabalhos duram um mês.

Uma turma composta por seis formandos que frequenta o curso de operador de jardinagem na CERCI - Flor da Vida, em Azambuja, iniciou este mês o trabalho prático na vila de Azambuja, ajudando à limpeza e manutenção do espaço público.
Gabriel Silva, 17 anos, natural do Carregado, é um dos seis jovens formandos que apresentam limitações físicas ou intelectuais. Frequentou o ensino regular e começou a realizar testes de despiste vocacional com Ana Lopes, formadora na CERCI de Azambuja. “Começou a fazer despistes há vários anos, mas só agora que atingiu a idade mínima (16 anos) para integrar o curso que sempre quis”, conta a formadora do curso de operador de jardinagem.
Gabriel chegou a experimentar o curso de empregado de mesa, mas regressou à jardinagem, onde se sente realizado. “Sempre quis este curso, desde pequenino”, diz o jovem que também sonha ser famoso a fazer vídeos no Youtube.
João Maurício, 24 anos, de Aveiras de Cima (Azambuja) e Mário Martins, 34 anos, do Carregado (Alenquer) são os dois alunos em fase mais avançada do curso. Vão terminá-lo em breve e dar início a um estágio de formação prática em contexto de trabalho, numa empresa ligada ao ramo. O jovem de Aveiras de Cima, doente de Parkinson, tem tido algumas dificuldades no decorrer do curso, mas nada que o impeça de ter aproveitamento em monda do tipo manual. “Não pode fazer corte de vegetação com máquinas, pois poderia ser perigoso, devido à doença”, explica Ana Lopes. Apesar de estar a gostar de frequentar o curso, João Maurício conta que gostaria de estudar informática ou música.
Por sua vez, Mário Martins, que mostra dominar todas as técnicas ministradas, refere que quer seguir essa via profissional. “Estamos bem preparados”, diz a O MIRANTE.
“Se não estivesse aqui [em formação] estava em casa”, acrescenta.
Estes jovens integram uma das sete valências da CERCI - Flor da Vida de Azambuja, destinada a pessoas com incapacidade física ou mental. Neste âmbito estão a receber formação para operador de jardinagem, com referenciais adaptados a pessoas com incapacidade. O curso com 1250 horas técnicas é complementado com aulas de português, matemática, cidadania e tecnologias de informação. “A função desta valência é inserir jovens com alguma incapacidade ou dificuldades de adaptação, no mercado de trabalho após receberem uma formação o mais rigorosa possível”, diz Ana Lopes.

Azambuja mais limpa
Os jovens vão fazer o corte de vegetação nos espaços urbanos de Azambuja durante um mês, com interrupção em Agosto - período de férias de todos os formandos da CERCI. O convite à instituição partiu de Inês Louro, presidente da Junta de Freguesia de Azambuja. “Por um lado podemos proporcionar-lhes um espaço onde eles são verdadeiramente úteis e necessários e por outro ganham uma experiência nova e o contacto com a comunidade”, justifica a autarca.
Ana Lopes também considera esta mudança benéfica para os alunos, que de outra forma estariam confinados a pôr em prática as aprendizagens no jardim da CERCI. “Aqui têm muitos mais meios com os quais podem trabalhar. Para além disso acabam por dar visibilidade ao curso e, o mais importante, sentem-se úteis à sociedade e descobrem que o curso tem aplicabilidade no mercado”.

Uma formadora encantada com a experiência

Formada em engenharia agrónoma, Ana Lopes confessa que nunca antes teve um desafio profissional que se compare ao presente. Trabalhou durante muitos anos em campos de golfe, onde tinha à disposição os melhores recursos, materiais e humanos. Já tinha experiência na área da formação, mas nunca tinha trabalhado com formandos que tivessem algum tipo de incapacidade. “É mais exigente mas também mais gratificante, pois cada vitória deles é muito mais saborosa. Quando vemos um deles atingir alguma vitória, ganho aquilo a que chamo o salário satisfação”, refere a formadora.

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