O misterioso desaparecimento de Luís Grilo
Triatleta amador residente em Cachoeiras não é visto desde 16 de Julho, quando foi treinar nas redondezas. Caso foi entregue à Polícia Judiciária.
Com várias noites em branco acumuladas e agarrados à esperança de encontrar vestígios de Luís Grilo, amigos e familiares do triatleta amador de Cachoeiras (Vila Franca de Xira) continuavam a procurá-lo no sábado, 21 de Julho, na zona onde reside e nas imediações dos Casais da Marmeleira, onde foi encontrado o telemóvel do atleta. Luís Grilo, 50 anos, desapareceu a 16 de Julho após sair de casa pelas 16h00 dessa segunda-feira para fazer um treino pela zona do Carregado.
No sábado, 21 de Julho, estiveram no terreno desde as seis da manhã, a Cruz Vermelha das Caldas da Rainha e a Associação Proagir, juntamente com mais alguns voluntários, num total de quase 40 pessoas, que procuraram Luís Grilo entre os Casais da Marmeleira, Guizanderia, Casais da Pimenta e Casal do Moledo, por trilhos e terrenos mais afastados das estradas, de forma a alargar as hipóteses de o encontrar.
A iniciativa partiu de Jorge Mendes, comandante do Quadro de Honra dos Bombeiros Voluntários de Cabo Ruivo, movido pelo dever de cidadania. A intenção deste grupo era procurar Luís Grilo durante todo o dia de sábado, mas as autoridades, por volta das onze da manhã, deram indicações para se interromperem as buscas por o caso estar agora a cargo da Polícia Judiciária.
O MIRANTE esteve nas Cachoeiras, junto à casa de Luís Grilo, e falou com Sérgio Castelo, sobrinho do triatleta amador, que informou que, apesar de a esperança de encontrarem o tio com vida diminuir com o passar do tempo não iriam desistir de o procurar. “Ele ia fazer um treino mas era para estar aqui por volta das 18h00 para ir com filho à natação. Como não apareceu, a Rosa [esposa de Luís Grilo], a princípio, pensou que ele estava a fazer um bocadinho mais”, lembra Sérgio Castelo.
Inicialmente, as buscas, coordenadas pela GNR da Castanheira do Ribatejo, que cedo respondeu ao alerta de Rosa Grilo, ocorreram nos locais mais prováveis, mas o facto de os dias irem passando sem novidades e de o caso passar para a Polícia Judiciária, levou a família e amigos a organizarem-se de forma independente para procurar Luís Grilo também em locais menos prováveis.
“Agora já saímos da parte racional e já começamos a entrar na parte irracional. Eu sou um homem de lógica, mas neste momento se uma bruxa me disser que ele está num poço, eu vou lá ver se ele está dentro do poço”, desabafa o sobrinho.
“Isto é um filme de terror”
Os colegas da equipa Wikaboo, à qual pertence Luís Grilo, também fazem parte do grupo de pessoas que o procuram. Vítor Cunha, amigo e colega de equipa, que participou com Luís Grilo há duas semanas numa prova de Iron Man, na Alemanha, afiança: “Parados é que não vamos ficar”.
Vítor Cunha conta que falou por telefone com Luís Grilo cerca de duas horas antes do seu desaparecimento para combinarem um jantar de aniversário de um amigo comum, que se iria realizar no dia 18, e que o amigo falou normalmente, sem apresentar qualquer indício de que poderia estar alterado ou com quaisquer intenções de se ausentar.
“Isto é um filme de terror que nós estamos a viver. Não aparece a bicicleta, não aparece o Luís Grilo, o telemóvel aparece sem a bolsa com a qual ele anda sempre... É tudo muito estranho, não há lógica nenhuma neste processo”, conclui Vítor Cunha.
Júlia Grilo, irmã do triatleta amador, que o criou desde os dois anos de idade, diz que a relação do irmão com os vizinhos e familiares sempre foi boa e não lhe conhece inimigos. Adianta que se sente muito grata pelo apoio tanto das autoridades como da sociedade civil que se disponibilizaram, desde o início, para ajudar nas buscas.