Silêncio que se vai pegar um toiro no Campo Pequeno
Grandes pegas no Campo Pequeno na corrida de O MIRANTE. Grande curro de toiros da ganadaria de Pinto Barreiros.
A corrida de O MIRANTE que se realizou no Campo Pequeno, em Lisboa, foi o espectáculo do ano graças à actuação dos três grupos de forcados e à excelência do curro de toiros do ganadeiro Joaquim Alves de Andrade.
Seis toiros da ganadaria Pinto Barreiros, que cumpriram e levaram o ganadeiro ao centro da praça por duas vezes. E com justiça. Seis pegas que encheram o Campo Pequeno de emoções, principalmente a segunda pega dos Forcados Amadores da Chamusca, protagonizada por Bernardo Borges, que vai ficar na memória de muita gente por ter sido quase perfeita. O Forcado soube aproveitar a sorte do touro e teve arte e engenho para executar os três tempos de uma pega ao parar, mandar e templar quase na perfeição, com a praça em silêncio durante breves minutos para depois se erguer em aplausos. Uma pega de antologia.
Os amadores de Cascais, com Ventura Doroteia na cara, ganharam o troféu para a melhor pega da corrida, na última actuação da noite, que por sinal fechou a corrida. Pega valente que o júri decidiu premiar como a melhor.
O cabo do Grupo do Ribatejo, Pedro Espinheira, também se evidenciou na primeira pega da corrida e seria também um candidato a ganhar o troféu se o grupo não tivesse cedido na cara do toiro, já junto às tabuas, quase no final da reunião.
Luís Rouxinol foi quem fez história na arte de tourear a cavalo. Esteve bem nos dois toiros mas no segundo galvanizou-se e deixou o público rendido.
Francisco Palha distraiu-se e pôs em perigo a sua montada depois de uma actuação meritória no segundo toiro que lhe coube em sorte. O cavaleiro mostrou dignidade e castigou-se pelos erros recusando receber aplausos. Mas mostrou grandes qualidades como toureiro.
Filipe Gonçalves não desiludiu mas com os toiros que Pinto Barreiros levou para a praça do Campo Pequeno tinha obrigação de fazer muito mais. A certa altura o cavaleiro parecia incrédulo com o azar na lide do primeiro toiro mas a culpa só podia ser dele.
Casa quase cheia e um público que não regateou aplausos. Em certos momentos da corrida acompanhou várias vezes com palmas a actuação dos artistas. O silêncio que se fez na praça para que o forcado Bernardo Borges desse provas de como a pega de um toiro pode ser uma escola de virtudes, foi também sentido na pega de Francisco Borges que, no entanto, foi pouco feliz na hora de desfazer a reunião entre toiros e forcados. Mas o registo da actuação do público é mais do que merecido e fez toda a diferença principalmente nestes momentos chave que ditaram muito da qualidade do espectáculo.
Nota de destaque ainda para o forcado João Espinheira, do Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo, que concretizou uma excelente pega. Num dos momentos mais dramáticos da noite, sem consequências de maior, o bandarilheiro Jorge Alegrias, com a capa na mão, arriscou o que podia para proteger um forcado caído na arena depois de uma pega frustrada.
Grande noite de toiros com a ganadaria, os forcados e o público, por esta ordem, a merecerem o maior destaque.