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Polícia aposentado inspira-se nas memórias para escrever livro em que questiona a Justiça
“Chico Maçarico” é o nome do primeiro livros de Vítor Domingos, polícia aposentado

Polícia aposentado inspira-se nas memórias para escrever livro em que questiona a Justiça

Vítor Domingos apresentou a sua obra “Chico Maçarico” na Póvoa de Santa Iria

Começou a trabalhar cedo, tal como muita gente da sua geração. Vítor Domingos é oficial aposentado da PSP. Ao longo de 30 anos de carreira viu, ouviu e viveu experiências onde a ética, a justiça e a moral ficaram esquecidas. Escreveu o livro que esteve dois anos “a ferver dentro da gaveta” porque quis pensar e repensar se “valia a pena publicá-lo”. Tudo porque nas suas páginas aborda episódios “melindrosos”, que tocam as suas “referências éticas” e colocam em causa a imparcialidade e rectidão das “estruturas sociais ligadas à justiça”.
No âmbito do programa municipal Leituras Muito Cá de Casa, o livro “Chico Maçarico” foi apresentado na sexta-feira, 26 de Outubro, na Biblioteca Municipal da Póvoa de Santa Iria. Paulo Afonso, licenciado em História e amigo de longa data do autor, foi um dos convidados para a sessão.
Salientando que “escrever é um acto de coragem” onde “revelamos o nosso pensamento”, Paulo Afonso tece largos elogios à escrita não maçadora e de “fácil leitura” de Vítor Domingos. Sobretudo, destaca a importância das personagens “de fundo bom”, que passam por “experiências de vida traumatizantes” durante o seu processo judicial.
O autor de 71 anos, nascido em Lisboa, reside há 38 no Forte da Casa, concelho de Vila Franca de Xira. Faz parte do executivo da Junta de Freguesia da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, é professor na Universidade Sénior de Vila Franca de Xira e apoia o associativismo no concelho. Tem publicado crónicas na imprensa e tanto escreve em prosa, como em poesia. “Chico Maçarico” é o seu primeiro livro.
Recorrendo às suas experiências, não poupa críticas ao sistema judicial e à “ligeireza com que se aplicam medidas de coacção de prisão preventiva”, sobretudo àqueles que não têm um cêntimo para pagar um advogado. “Trata-se de abordar as minhas referências éticas. Neste livro manifesto, contando uma história, algumas das minhas preocupações”, diz a O MIRANTE.
O autor quer levar as pessoas a reflectir sobre as situações ardilosas do sistema judicial, desde o modo como os detidos são tratados na altura da detenção até ao momento em que são ouvidos pelo juiz de instrução. É nesse tempo que entra a balança da justiça para pesar a “grandeza [material] ou a miséria daquela pessoa”. E é sobre esse tempo e situações em que coloca os personagens do livro, que o autor quer alertar o leitor para uma realidade escondida entre celas e tribunais.

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