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Não há doçaria tradicional sem açúcar e ovos
Paula Nunes, Ernestina Faria e Isabel Rosa

Não há doçaria tradicional sem açúcar e ovos

Quem vai à feira de Abrantes tem de esquecer por algum tempo as preocupações com a dieta. O açúcar é fundamental na confecção de doces tradicionais, pois é esse ingrediente que conserva os ovos que também não podem faltar nas receitas, diz quem sabe. Ainda assim, O MIRANTE quis saber que alternativas apresentaram os doceiros presentes na XVII Feira Nacional de Doçaria Tradicional.

Sente-se o aroma adocicado no ar de bolinhos acabados de fazer. Pedro António chega ao expositor da “Palha de Abrantes” com mais um tabuleiro recheado de broas de mel. Ali vendem-se os doces tradicionais como a palha de Abrantes e as tigeladas, mas também se inova com broas de mel com batata-doce ou com abóbora, estas últimas novidade absoluta este ano na Feira Nacional de Doçaria Tradicional de Abrantes, que decorreu no último fim-de-semana.
“São mais saudáveis e são vendáveis” refere o dono da confeitaria aberta desde 1964 no centro de Abrantes. Pedro António confessa que só faz esta feira porque gosta de apresentar um produto de qualidade e bem fresquinho e só aqui consegue assegurar a frescura uma vez que tem a produção “mesmo aqui ao lado”. Pedro António diz que a doçaria tradicional não pode prescindir do açúcar, mas sempre que pode tenta substituí-lo por mel.
Maria Luís não é doceira, vive em Abrantes e está na feira a fazer a venda da pastelaria “Helena Inácio”, de Torres Novas. Nesta altura do ano o que tem mais saída são as broas e as ferraduras. Embora também venda broas sem açúcar, confessa que não saem tão bem como as tradicionais.
O açúcar é o ingrediente principal nos queijinhos do céu que Manuela Arsénio vende pela primeira vez nesse certame. Já os faz há cerca de três anos, primeiro para “cobaias”, como diz em tom de brincadeira, depois para alguns estabelecimentos comerciais de Constância, onde reside. Além de superar o investimento feito, o que pretende é divulgar o seu produto e a sua marca Patrimoni’us Doces. Sabe que são autênticas bombas calóricas, mas diz que “uma vez de vez em quando não faz mal”. Já tentou diminuir a quantidade de açúcar, mas recorda as sábias palavras da mestre Lurdes Mendes: “o açúcar é que conserva a gema do ovo”.
Paula Nunes, Ernestina Faria e Isabel Rosa são o trio à frente da Pastelaria Capelense, de Capelas de São Miguel, Ponta Delgada, Açores. Já participam na feira há mais de uma década e garantem que “anda tudo preocupado com a dieta, mas neste fim-de-semana não há colesterol, nem diabetes, nem nada”. “Para quem não quer muito açúcar temos o pão doce de massa sovada”, diz Paula Nunes sorridente. Para os outros há bolo de caramelo, malassadas, licores de anis e maracujá, iguarias açoreanas em exposição.
Suspiros, cupcakes e bolachas de todos os tipos e feitios enchem a banca de Carolina Marques. A doceira de Abrantes marca presença habitual no certame. A pensar noutros mercados, como os vegans, criou um crocante de sementes, sem farinha, sem ovos e sem leite, “só com um bocadinho de açúcar”, diz em surdina como se estivesse a cometer um delito grave.
A famosa pastelaria Tágide, de Rossio ao Sul do Tejo, está representada na feira pelo seu fundador. Manuel Correia participa desde a primeira edição e faz também outras feiras onde representa com orgulho a doçaria de Abrantes. A palha de Abrantes e as tigeladas são os doces que melhor vendem. E, embora levem muito açúcar, Manuel Correia diz que as pessoas nestas alturas “fecham os olhos”. A continuidade do negócio está assegurada pelo filho, Fernando Correia, que dá formação em pastelaria avançada em Óbidos e já criou para a Tágide o “Fardo de Palha de Abrantes” e o “Quindim de Palha de Abrantes”.

Não há doçaria tradicional sem açúcar e ovos

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