Empresas de Arruda dos Vinhos estão a poluir o rio Grande da Pipa
Problema que afecta Castanheira do Ribatejo e Vala do Carregado tem origem na ETAR do concelho vizinho.
A poluição que se tem verificado recentemente nas águas do rio Grande da Pipa, que está a motivar queixas de moradores da Vala do Carregado e da Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira, tem origem na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Arruda dos Vinhos.
A confirmação é feita a O MIRANTE pela empresa responsável pela ETAR, a Águas do Tejo Atlântico, que diz estar a tentar, juntamente com a Câmara de Arruda dos Vinhos, identificar as empresas responsáveis pelas descargas de esgotos na estação sem o devido pré-tratamento industrial, facto que se reflecte na qualidade dos efluentes despejados depois no rio Grande da Pipa.
A Águas do Tejo Atlântico explica que em 2014 foram efectuadas ligações da ETAR à rede da Zona Industrial das Corredouras, até então a descarregar directamente para a linha de água, revelando que “recentemente, de forma ocasional, o efluente que tem chegado à ETAR contém também uma substancial carga industrial de origem desconhecida que leva à degradação da qualidade de descarga face ao habitual, factos devidamente reportados ao município e à Agência Portuguesa do Ambiente”.
A empresa refere que foram implementadas medidas com o objectivo de minimizar a situação e assegura que está em curso um trabalho de colaboração com a Câmara de Arruda dos Vinhos visando identificar os autores das descargas, “de forma a promover a suspensão das irregularidades e a encontrar soluções técnicas para a resolução definitiva deste problema”. A empresa defende ainda a punição de todas as situações de descargas para a ETAR “sem o exigido pré-tratamento industrial”.
Na última semana vários moradores da Castanheira do Ribatejo e da Vala do Carregado, que vivem paredes meias com o rio Grande da Pipa, mostraram preocupação com a crescente vaga de poluição naquele curso de água. Além da água com cor escura e uma espuma creme densa, há também relatos de maus cheiros. O primeiro alerta foi deixado por vários moradores na página do ambientalista Arlindo Consolado Marques nas redes sociais, que tem dado eco às preocupações. Na última reunião pública da Câmara de Vila Franca de Xira, o assunto foi também debatido depois do vereador Carlos Patrão, do Bloco de Esquerda, ter considerado a situação como sendo um “crime ambiental” e um “esgoto a céu aberto”.
Vila Franca de Xira atenta
O presidente de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), já fez saber que vai tomar uma atitude firme na defesa das populações, exigindo mais atenção ao problema por parte do município vizinho. “Já falei com o presidente de Arruda dos Vinhos sobre este problema. A verdade é que quem está no nosso território apanha com os problemas que os outros territórios nos causam. Que é o caso”, critica.
Vila Franca de Xira tem apostado nos últimos anos na requalificação e limpeza das margens daquele rio no troço que atravessa o concelho. “Mas essa intervenção deveria também ser feita nos outros municípios. Andamos a limpar o nosso troço do rio e dentro de pouco tempo está outra vez tudo sujo e cheio de plásticos”, condena.