Idade mínima para rastreio do cancro da mama aumentou para 50 anos e há quem critique
A propósito do Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama, que se assinala a 30 de Outubro, O MIRANTE visitou o Grupo de Apoio da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), em Santarém, onde conversou com Carmo Couto, que divide a coordenação do Grupo de Apoio da LPCC com Luís Vasconcellos e Souza, e com Madalena Rhodes Sérgio, única voluntária do Movimento Vencer e Viver, que procura dar apoio a todas as mulheres com cancro, bem como a familiares e amigos.
O cancro da mama é o tumor maligno mais frequente na mulher e é considerado pelo Serviço Nacional de Saúde um problema de saúde pública. Até 2017 o plano nacional de rastreio contemplava as mulheres com idades entre os 45 e os 69 anos. Mas um despacho de Setembro de 2017, do Ministério da Saúde, estabeleceu que passe a abranger mulheres dos 50 aos 69 anos, com uma mamografia a cada dois anos.
Para as mulheres do concelho de Santarém é feita na sede do Grupo de Apoio, para o distrito é feito em unidades móveis que habitualmente estacionam junto dos centros de saúde.
Segundo o Ministério, o aumento da idade mínima para o exame, dos 45 para os 50 anos, é “uniformizar critérios” nos programas de rastreio a doenças oncológicas mas Carmo Couto está convencida que a decisão é baseada apenas em questões económicas. Segundo ela a LPCC sugere um controlo rigoroso e periódico por mamografia sobretudo a partir dos 40 a 45 anos. E lembra que embora a incidência abaixo dos 30 anos seja de 0,3%, têm aumentado os casos detectados em mulheres a partir dos 35 anos.
O Grupo de Apoio de Santarém (GAS) dá ajuda e aconselhamento, há 25 anos, a doentes oncológicos e seus familiares e conta com um total de 40 voluntários, mas Madalena Rhodes Sérgio é a única voluntária do Movimento Vencer e Viver, reactivado em 2016, de apoio específico a mulheres a quem foi diagnosticado cancro da mama.
Madalena fala da sua experiência como testemunho vivo de que é possível vencer o cancro da mama. “Para os pacientes é muito importante ter alguém a falar com eles na primeira pessoa, alguém que já passou por uma experiência semelhante”. Actualmente com 60 anos, teve um cancro da mama há 15 anos e há três que é voluntária no GAS.
“Ajudamos a lidar com a angústia, disponibilizando o nosso tempo sobretudo a ouvir o outro, sinto que chego a casa e fui útil a alguém”, refere com um sorriso no rosto. “Quando sabem que também sofremos da doença o que era um simples atendimento passa a uma conversa”, diz a voluntária.
Os atendimentos são feitos à quarta-feira, mesmo assim, com apenas um dia por semana, Madalena refere orgulhosa os 190 atendimentos, em 2017, e os 161 contabilizados até Setembro de 2018.
Para assinalar o mês de Outubro, mês da prevenção do Cancro da Mama, o Grupo de Apoio de Santarém organizou a 6 de Outubro, uma caminhada, em parceria com a Academia 100%. Para o dia 30 de Outubro, Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama, foi feita uma entrega de folhetos de auto-exame no Hospital Distrital de Santarém (HDS).
Madalena faz todas as terças-feiras uma visita ao 3º piso do HDS, junto das mulheres com cancro de mama, conversando com as pacientes e entregando um saco com informação sobre os apoios e primeiras próteses (de pano, feitas no próprio GAS) às mastectomizadas.
A LPCC oferece, a quem aufere até ao ordenado mínimo, próteses capilares, próteses mamárias e soutiens. Quem tem mais rendimentos paga ao preço de custo, “a nossa intenção não é fazer negócio, apenas facilitar o acesso”, enfatiza Carmo Couto.
Apesar de não ser dos cancros mais letais, o cancro da mama tem uma alta incidência e uma alta mortalidade, sobretudo na mulher (apenas um em cada cem cancros se desenvolvem no homem). Há seis mil novos casos por ano em Portugal e 1500 mulheres acabam por falecer. Quando detectado a tempo a taxa de sucesso é muito boa, por isso, as voluntárias do GAS chamam a atenção para a prevenção e, sobretudo, para o auto-exame.