Tejo vai ter mais atenção até 2021
Ministro do Ambiente anuncia orçamento de 3,5 milhões de euros para Plano de Acção Tejo Limpo. Anunciada a contratação de cinco vigilantes da natureza que vão abranger toda a região hidrográfica do Tejo, com incidência sobretudo a montante de Constância.
Foram feitas mais de 13 mil análises de água do rio Tejo desde o “dramático” episódio de poluição registado no dia 24 de Janeiro de 2018 na zona de Abrantes. Antes do incidente que colocou em marcha uma enorme operação de limpeza do rio havia uma “grande ausência de informação”, referiu João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente, no seminário que encheu, na tarde de 27 de Outubro, a sala do Parque Tejo, em Abrantes, para debater os problemas do rio.
“Despoluímos o Tejo com zero impacto ambiental”, referiu o ministro, acrescentando que mais de 90% da matéria orgânica foi retirada do leito do rio, em Cais do Arneiro e Vila Velha de Ródão, com recurso a equipamentos e tecnologia portuguesa criada especificamente para este fim, mas que agora fica nas instalações da EPAL à disposição de autarquias ou instituições que a solicitem.
O ministro referiu que as análises que estão a ser feitas de forma constante permitem obter um melhor conhecimento do rio o que é, para si, um processo de aprendizagem contínua. O importante é, realçou, manter um valor de oxigénio dissolvido na água que não baixe dos cinco miligramas por litro.
João Pedro Matos Fernandes falou ainda de um investimento de 3,5 milhões de euros “para tornar perene tudo o que fizemos até agora”. Este orçamento será aplicado entre 2018 e 2021 no Plano de Acção Tejo Limpo, que inclui várias valências como a criação de uma plataforma pública online agregadora de toda a informação relativa ao Tejo; a colocação de quatro sondas para monitorização; o reforço da inspecção; campanhas de sensibilização; e para a criação de cinco postos para vigilantes da natureza.
Recorde-se que ainda recentemente o presidente da Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza, Francisco Correia, manifestava a O MIRANTE a sua indignação por não haver “um único vigilante da natureza na Agência Portuguesa do Ambiente (APA), responsável pela região hidrográfica do Tejo”.
Espanha cumpre caudais mas há aspectos amelhorar
A problemática da disponibilidade, acessibilidade e escassez de água na bacia hidrográfica do Tejo foi debatida em dois painéis: um dedicado ao regime de caudais e ao estado ecológico na Convenção de Albufeira e outro onde se debateu a escassez de água na bacia do Tejo em situação de seca periódica e alterações climáticas.
Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), referiu que os caudais integrais semanais de Espanha estão a ser cumpridos ou até ultrapassados, contudo não são constantes porque a obrigação é semanal e “basta abrirem as comportas quatro horas por semana para atingir o mínimo estipulado pela Convenção de Albufeira que são sete hectómetros cúbicos”. “É uma questão que temos que melhorar”, admitiu.
Um ministro bem humorado
O seminário para a recuperação do rio Tejo e seus afluentes foi promovido pelo movimento ProTEJO em conjunto com o município de Abrantes e a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) e teve honras de abertura do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e da presidente da Câmara de Abrantes e do Conselho Executivo da CIMT, Maria do Céu Albuquerque.
Maria do Céu Albuquerque agradeceu a presença do ministro e realçou o valor da política de proximidade do Ministério do Ambiente. Referiu ainda o bom humor de João Pedro Matos Fernandes. O ministro aproveitou a dica para realçar que se não fosse bem-humorado “não estaria aqui de certeza depois de ouvir tudo o que a ProTEJO disse sobre mim”.