
Couro Azul com dificuldade em recrutar mão-de-obra especializada
Fábrica de curtumes de Alcanena recebeu a visita do primeiro ministro e do ministro da Economia.
A escassez de quadros qualificados, na região, é uma das dificuldades que a empresa Couro Azul enfrenta, a par com a difícil atracção de novos mercados. As queixas foram apontadas pelo presidente do conselho de administração, Pedro Carvalho, durante a visita do primeiro-ministro António Costa e do ministro-adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, na sexta-feira, 16 de Novembro, à fábrica.
Apostada em encontrar novos clientes, a empresa sediada em Gouxaria, Alcanena, anunciou um investimento de 10 milhões de euros a aplicar na ampliação da zona de acabamento da pele e numa nova área de corte de couro, para reforçar a sua capacidade produtiva. Um investimento que se insere na estratégia de acrescentar valor à produção, uma vez que, segundo Pedro Carvalho, 70% do couro é fornecido em ‘kit’, como peça cortada.
As obras devem estar concluídas no próximo ano, altura em que o equipamento que agora se encontra num pavilhão arrendado temporariamente, com cerca de cinco mil metros quadrados, será transferido para a zona de produção da unidade principal. “O objectivo é ganhar em termos de eficiência e eficácia, aumentando a capacidade de corte”, refere Pedro Carvalho, acrescentando que a empresa tem feito um esforço de diversificação nos últimos anos, passando a produzir, além do couro para volantes de marcas automóveis como a Volvo, a Mercedes ou a Porsche, também couro para aplicação em bancos e painéis de portas dos carros, assim como o fabrico de peças para a aeronáutica e ferrovia.
Pedro Carvalho adianta que é preciso também diversificar em termos de mercado, revelando que a Couro Azul está a preparar a primeira unidade de produção no estrangeiro, que deverá acontecer na área da Ásia/Pacífico. Um mercado onde o couro está a ganhar dimensão, mas onde os concorrentes locais não garantem a mesma excelência. Segundo o empresário é importante “ter um pé lá” porque “hoje há uma nova tendência de proteccionismo e se não tivermos uma parte da produção no local somos discriminados em relação aos produtores locais”.
A Couro Azul conta com 530 funcionários e um volume de negócios que ronda os 70 milhões de euros. Com cerca de 40 clientes, exporta 87% da sua produção para 25 países, maioritariamente na Europa, mas também para os Estados Unidos da América, Brasil, África do Sul e China.
Uma startup em 1939
António Costa enalteceu a aposta na inovação que tem orientado a empresa desde o início, gracejando que a Couro Azul foi uma startup em 1939. Segundo o primeiro-ministro, a Couro Azul soube conquistar mercado e tornar-se competitiva com uma história de sucesso que teve início em 1996 ao ganhar o concurso de fornecimento de couro para volantes da Volkswagen. A visita dos governantes inseriu-se num périplo pelo território nacional que contemplou as empresas que melhor contribuíram para o crescimento económico do país.
Também presente na visita à empresa do Grupo Carvalhos, Fernanda Asseiceira, presidente da Câmara de Alcanena, referiu que é um orgulho ter no concelho uma empresa de excelência que chega às marcas de referência mundial. A autarca aproveitou a ocasião para reforçar a centralidade geográfica de Alcanena e a importância da revisão do Plano Director Municipal de forma a poder dar forma à área de actividade económica com cerca de 140 hectares prevista junto à A23.

Mais Notícias
Destaques
