Filarmónica do Entroncamento vive momentos difíceis
Presidente da colectividade diz que a banda está no limite da sobrevivência e queixa-se da falta de bairrismo da população.
Fundada a 20 de Fevereiro de 1984, a Associação Filarmónica e Cultural do Entroncamento encontra-se actualmente a viver um momento de grandes dificuldades. “Estamos no limite da sobrevivência”, conta o presidente da direcção, António Paixão, a O MIRANTE.
Para além da banda filarmónica, a associação alberga uma escola de música e confronta-se com sérias dificuldades financeiras. Apesar de contar com o apoio da câmara municipal e das juntas de freguesia no pagamento do salário do maestro, e quando necessário também para o equipamento e fardamento, as restantes despesas são sustentadas pela colectividade.
De acordo com António Paixão, falta adesão da comunidade. “No Entroncamento as pessoas não são muito ligadas à filarmónica, aqui não temos aquele bairrismo em que toda a gente sabe que existe e toda a gente colabora”, diz lembrando que “o Entroncamento é uma cidade nova, criada por pessoas que vieram de outros sítios” e que não têm as suas raízes ali.
Uma situação que se pode reverter com as gerações mais novas. “As novas gerações já começam a mostrar algum bairrismo”, afirma o presidente da filarmónica. A estratégia da associação passa pela divulgação do projecto junto dos mais novos. “É desde pequeninos que temos de os começar a motivar”, adianta António Paixão.
A actividade da banda encontra-se também afectada pela falta de serviços remureados que permitam equilibrar as contas. “Antigamente era mais vulgar contratar-se as filarmónicas para procissões, ultimamente isso tem vindo a diminuir”, conta António Paixão. “Estamos a tentar controlar as despesas para não termos de aumentar as mensalidades dos alunos”, refere o presidente.
Apesar de ter 20 membros efectivos, a banda tem uma carência na área dos instrumentos mais graves, nomeadamente nas tubas e trompetes. Na opinião de António Paixão, faltam pelo menos cinco elementos. A associação conta com oito professores que leccionam para os 60 alunos inscritos na escola de música. A faixa etária dos alunos abrange desde a crianças a pessoas com mais de 70 anos. O plano curricular é baseado no dos conservatórios, onde apenas a certificação difere.
Actualmente a cumprir o seu segundo mandato à frente da associação, António Paixão acha que esta é uma posição que deve ser renovada - “tem que haver sempre sangue novo e ideias novas”, pelo que não se compromete com uma recandidatura.