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Unidos no amor e no desporto
Joana Graça e Paulo Nunes vivem no concelho de Benavente e treinam em Santo Estêvão

Unidos no amor e no desporto

Casal de pilotos de jet ski prepara-se para campeonato do mundo numa lagoa em Santo Estêvão. Ele é piloto e ela hospedeira de bordo. Paulo Nunes e Joana Graça passam horas a voar, mas é com os pés assentes na mota de água que sentem a adrenalina tomar-lhes conta do corpo.

Passar longas horas dentro de um avião, suportar as mudanças de clima e fuso horário, dormir em hotéis, estar longe de casa e das motos de água não impede este casal de se preparar para o próximo campeonato do mundo de jet ski que tem início a 10 de Maio, em Portimão. Paulo Nunes e Joana Graça treinam, sempre que a agenda de voos lhes permite, na lagoa da Nautisport, em Santo Estêvão.
Para o piloto da TAP, de 51 anos, o jet ski é uma paixão que nasceu há 32 anos. Foi um dos pais deste desporto náutico em Portugal, num tempo em que “ainda se estranhava ver uma moto dentro de água”. Vivia em Lisboa, mas já treinava na barragem de Salvaterra de Magos. “Ia e vinha propositadamente”, até que o Ribatejo o conquistou. “Comecei a sonhar ter aqui uma casa para poder treinar sem ter de atravessar o trânsito infernal”, diz a O MIRANTE, confessando que a “procura por mais qualidade de vida” foi outro dos motivos que o fez mudar-se para o concelho de Benavente, onde reside há 17 anos.
Apesar de Joana Graça, de 38 anos, já trabalhar como hospedeira de bordo há uma década na mesma companhia aérea, foi em Santo Estêvão que o casal se conheceu. “Eu também morava cá e conhecemo-nos por intermédio de amigos. Começámos a namorar há sete anos e foi o Paulo que me apresentou ao jet ski”, conta.
Formaram equipa, a Fly Jet Racing Team, e têm competido em Portugal, Itália, Croácia, Espanha, Sardenha e Emirados Árabes Unidos (EAU). Ele é vice-campeão do Mundo e da Europa na categoria de Freestyle e ela já participou em dois campeonatos do mundo, na categoria GP1, uma “espécie de fórmula 1 do jet ski”.
É em cima de uma Kawasaki SXR 1500, uma das motos de água “mais rápidas e potentes do mundo”, que a piloto mostra a sua perícia durante a prova de velocidade em circuito fechado. Por sua vez, Paulo Nunes navega um protótipo muito mais leve, feito em carbono que lhe permite fazer uma rotina de manobras arriscadas, como os “backflips” - mortais à retaguarda, em apenas três minutos. “Na final do campeonato do mundo arrisquei tudo. Fiz manobras nunca antes tentadas por mim, que me lançaram para o segundo lugar da tabela”, diz, satisfeito com o resultado.
O casal treina onde calha e quando pode. “Em ginásios de hotel ou das cidades para onde viajamos. O que importa é nunca deixar de treinar, porque este desporto exige muito esforço físico”, conta o piloto. A bordo da mota de água, “99 por cento dos treinos são feitos na Nautisport”, uma barragem privada construída artificialmente. Propriedade de Lourenço Gallego, este projecto nasceu exclusivamente para a prática de desportos náuticos, sendo uma manga homologada pela Federação Portuguesa de Motonáutica.

Campo traz qualidade de vida
Elogios não faltam na hora de descrever a paisagem que pinta a freguesia de Santo Estêvão. Gabam-lhe as gentes e o ambiente calmo, os cavalos e os toiros bravos que correm pelas lezírias. Dizem que “a vida de cidade já é de outros tempos” e que é no campo que são felizes. “Não há nada como a nossa casa”, diz Joana Graça. Até porque viajar já o fazem através do desporto e do trabalho.
A agenda de voos é preenchida e os treinos roubam-lhes grande parte do tempo livre. Mas entre o trabalho e o desporto ainda lhes sobra algum para se dedicarem à apicultura. Aproveitaram um terreno que compraram na mesma freguesia para produzir mel. “Temos sete colmeias, cada uma delas com cerca de 100 mil abelhas”. Joana tem escapado às picadelas destes insectos, mas “o Paulo não se safa nem com o facto de protecção vestido”, revela, entre risos.

Desporto de elites

As motos utilizadas pelo casal custam entre os 23 mil e os 40 mil euros cada. O preço do combustível ronda os quatro euros por litro e “só num treino são gastos cerca de 20 litros”. Fazendo contas, o casal gasta 160 euros sempre que vai treinar. Fora viagens para participar nas competições, inteiramente suportadas por ambos. “Os patrocínios são escassos mas felizmente o nosso salário é confortável. Mas não há dúvidas de que é um desporto de elites”, refere o piloto.

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