A ex-presidente da Câmara de Abrantes e recentemente nomeada secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Maria do Céu Albuquerque, confessa que a mudança de funções fez-se sentir na sua vida pessoal e familiar. “Não é fácil estar longe de casa e não poder ir lá dormir todos os dias”, diz. A trabalhar a 150 quilómetros de Abrantes, confessa que passou a ter de coordenar com o marido, com quem faz vida comum há 25 anos, as noites em que ficam a dormir em Lisboa e quais as que são passadas na casa em Abrantes. “Faz parte dos desígnios deste cargo adaptar-me a uma nova vida, que não passa por estar exclusivamente em Lisboa ou Abrantes, mas por percorrer o país para estar ao lado das pessoas e poder cumprir a minha missão”, refere.
No que respeita ao tempo que lhe sobra para dedicar à família, Maria do Céu Albuquerque diz, entre risos, que “é pouco, mas o que existe tem de ser passado com qualidade”, entendendo que para poder desempenhar bem o seu trabalho não pode “retirar o foco daquilo que é essencial, o núcleo familiar”.
No novo gabinete em Lisboa, com vista para o Tejo, entra de saltos altos e marmita na mão, mas diz que não abdica das “sabrinas ou ténis, para ir tomar um chá e passear pelas ruas” da capital. Lembra ainda com saudosismo a caminhada matinal que fazia de sua casa, no centro de Abrantes, para a câmara municipal e de parar para conversar com as pessoas que a abordavam na rua. “Sinto falta dos abrantinos, dos momentos passados nas esplanadas a fazer a fotossíntese e de fazer compras no mercado municipal aos sábados de manhã”, diz, garantindo que são hábitos que vai manter sempre que voltar à cidade ribatejana.

Antes de aceitar um cargo consulta a família
“Estou em funções públicas há 12 anos e quando tive de decidir pela primeira vez se enveredava pela vida política - na altura para assumir o cargo de vereadora no município de Abrantes - perguntei à minha família se podia contar com o apoio deles”, conta, dizendo que para todos os cargos seguintes tomou o mesmo procedimento.
Com duas filhas, uma de 20 a estudar no Porto e outra de 22 em Londres, o pedido de opinião para a mudança de cargo, desta vez foi diferente. Não reuniu a família à mesa, como de costume, mas em frente a uma câmara, durante uma chamada de vídeo em grupo, e, segundo diz, “ficaram todos muito felizes”, com o “sentimento de que a [sua] dedicação e empenhamento vai criar condições para o desenvolvimento colectivo”.

Depois das legislativas logo se vê
A ex-autarca diz não estar preocupada com o facto de só ter pela frente mais meio ano nessas funções, até às legislativas de 6 Outubro, não havendo garantias que continue. “Quando assumi estas funções sabia que corria riscos”, disse Maria do Céu Albuquerque durante a conferência de imprensa dirigida aos órgãos de comunicação regionais, sublinhando que o seu “foco é trabalhar todos os dias para que os resultados nesta acção governativa se traduzam na vida das pessoas e empresas”.
A ex-autarca diz também que a preocupação com a duração dos cargos nunca norteou a sua “forma de estar nos diversos órgãos locais e regionais” por onde passou. A vida política diz ser por si entendida como um “projecto de vida” que colocou “ao serviço da Câmara de Abrantes, Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e “agora de Portugal, com maior responsabilidade, consciência e missão de serviço público”.