Dois acidentes de viação que ocorreram quase em simultâneo no dia 7 de Março, na Estrada da Estação na Ribeira de Santarém, causaram dois feridos e uma grande confusão no trânsito, pondo mais uma vez a nu a necessidade de reabertura do troço da EN114, a outra alternativa que liga a cidade à ponte D. Luís e à Ribeira de Santarém.
Os constrangimentos no trânsito são uma constante há muito tempo na movimentada Estrada da Estação, tal como o debate político em torno do prolongado encerramento da EN114. A oposição acusa a maioria PSD na Câmara de Santarém de ter responsabilidades no arrastar do processo e o presidente do município, Ricardo Gonçalves (PSD), remete as culpas pelo impasse que se vive actualmente para a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP), que tutela as estradas nacionais.
Facto é que as obras nas encostas, tendentes à reabertura da estrada, estão concluídas desde Setembro de 2018, tendo sido assumidas pelo município, que se substituiu ao Estado central nessa missão além de ter contribuído também para pagar a despesa. Já a decisão da reabertura da EN114 cabe à IP, que continua à espera que sejam instalados inclinómetros na encosta para aferir a estabilidade dos taludes, conforme recomendou o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Sem a garantia de que há condições de segurança para reabrir a via ao tráfego, a IP não arrisca dar esse passo.
Contactada por O MIRANTE, a Infraestruturas de Portugal diz que, apesar de não ser sua obrigação, “entendeu ser elemento facilitador e procedeu ao lançamento do processo para contratação de inclinómetros”. Segundo a empresa, o concurso encontra-se na sua fase final, prevendo-se o início dos trabalhos durante o mês de Abril. “Após a colocação dos inclinómetros, o LNEC será responsável pela monitorização das encostas, entidade a quem compete emitir parecer relativamente às condições para reabertura da EN114”, informa ainda a IP.
Na última reunião de câmara o assunto voltou a suscitar debate político, com a oposição socialista a lamentar o arrastar do problema e a considerar a situação insustentável e sem explicação, como referiu a vereadora Sofia Martinho. O presidente Ricardo Gonçalves repetiu argumentos já debitados noutras ocasiões, apontando o dedo à IP: “A estrada não é nossa. Se dependesse de nós, a estrada já estaria reaberta”.