Espírito associativo de Alverca bateu no fundo e deixa bombeiros num impasse
Dirigentes que se têm eternizado nos cargos decidiram sair e não aparecem candidatos. A contabilidade da associação está sólida e em dia, com pagamentos a tempo e horas, o que faz com que os actuais dirigentes estranhem ainda mais por que motivo ninguém se chega à frente.
O aviso já durava há vários mandatos: os dirigentes dos Bombeiros Voluntários de Alverca estão de saída e a associação precisa de gente capaz para apresentar uma nova lista a sufrágio de forma a não a deixar cair num vazio directivo. No final do último ano, o mandato terminou e voltaram a não aparecer listas concorrentes, estando os actuais dirigentes de saída.
Os serviços à população não serão prejudicados nem haverá qualquer alteração no dia-a-dia da associação, com a excepção de ficar privada de órgãos sociais. No limite, cairá numa situação de comissão administrativa, com as limitações que isso acarreta, entre elas a limitação da autonomia financeira e de relação com a banca.
Para evitar que a associação caia no vazio, os dirigentes estão a lançar um apelo aos moradores de Alverca para se chegarem à frente e fazerem algo pela associação. Estão a assegurar temporariamente a gestão corrente mas avisam que isso não irá durar sempre. Por agora não estão a pensar entregar as chaves da colectividade na câmara municipal mas o presidente da autarquia, Alberto Mesquita, já foi informado da situação precária que se vive na associação humanitária.
Luís Coimbra é o presidente da direcção, cargo que ocupa há 22 anos. “Desta vez está garantidamente fora de questão a nossa continuidade, no passado voltámos atrás com a decisão mas desta vez é certo. Todos achamos que não podemos nem devemos continuar. Estamos neste limbo de ver se alguém aparece. Temos perto de quatro mil sócios mas não há duas dezenas que apareçam. Nem nas assembleias, onde só aparecem quatro ou cinco pessoas”, lamenta a O MIRANTE.
Assembleia geral a 4 de Abril
A 4 de Abril haverá a última apresentação de contas da gestão da actual equipa, momento que Luís Coimbra considera “encerrar um ciclo”, porque nenhum dos actuais dirigentes vai continuar. O dirigente abre o coração ao nosso jornal lamentando a tristeza de ver Alverca bater no fundo no que toca ao associativismo e ao alheamento por parte da população.
“Entristece, deixa alguma mágoa por sentir que a associação faz um trabalho que é importante do ponto de vista social para a cidade e quando precisa não recebe nada em troca. É inimaginável haver Alverca sem bombeiros. As pessoas exigem mas quando são chamadas não querem ajudar. É injusto”, confessa Luís Coimbra. Um dos vice-presidentes da associação entrou para a direcção aos 23 anos. Tem hoje 65.
“A população devia ser sensível à importância desta associação. Ninguém tem o direito de nos pedir mais tempo aqui. Continuamos dedicados e a servir, mas é de bom tom haver alguém que reunisse um grupo para avançar para uma lista. Isto não é uma tertúlia, tem de ser gente competente e que queira trabalhar e fazer as coisas. Exige dedicação. Não por caridade mas sim por responsabilidade social”, defende.