Mulheres querem igualdade sem sistema de quotas
Tomar recebeu pela primeira vez evento internacional “Women Economic Forum” que trouxe centenas de participantes de 30 países. “As mulheres são muito versáteis e têm capacidade para fazer várias coisas ao mesmo tempo. O seu papel não pode ser desvalorizado”.
As mulheres têm que se esforçar e trabalhar o dobro para conseguir chegar onde os homens chegam. A opinião é de Maria João Morais, que este ano vai ser a primeira mulher a ocupar o cargo de mordomo da Festa dos Tabuleiros em Tomar. A professora de História participou na sessão de abertura do Women Economic Forum (WEF), conferência internacional que decorreu no Pavilhão Municipal Cidade de Tomar entre os dias 22 e 24 de Março.
Esta é a 24ª edição do evento a nível mundial e a primeira vez que se realiza na cidade do Nabão. Trouxe a Tomar centenas de participantes de 30 países e o objectivo foi sensibilizar as pessoas para um estilo de vida mais saudável, tornar o planeta mais equilibrado e demonstrar que as mulheres também podem contribuir para uma sociedade mais equitativa entre homens e mulheres.
Para a presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, que abriu o evento, na sexta-feira, 22 de Março, ainda existem muitas diferenças entre homens e mulheres e fazem falta mais mulheres em cargos de chefia. “Não concordo nada com sistema de quotas. As mulheres devem entrar nos cargos por mérito próprio porque são tão capazes quanto os homens. Somos mais pragmáticas, mais assertivas e temos uma sensibilidade que os homens não têm. Homens e mulheres devem chegar a lugares de topo por mérito e não pelo género”, afirmou a O MIRANTE durante a conferência.
A vereadora da Educação da Câmara de Abrantes, Celeste Simão, considera que vão sempre existir diferenças entre homens e mulheres mas que esse não é um problema. O problema é existirem mais mulheres com cursos universitários mas depois são os homens que ocupam os cargos de liderança. “As mulheres não devem chegar ao topo por imposição. Temos que demonstrar que temos competência para chegar aos mesmos lugares que os homens. Todos devemos trabalhar juntos, de modo igual, na sociedade e fazer a diferença”, referiu.
Filipa Fernandes, vereadora na Câmara de Tomar e dirigente associativa, lamenta que ainda existam diferenças entre homens e mulheres, sobretudo ao nível dos salários. “A mulher ainda tem que se esforçar muito mais para mostrar que é válida para um cargo. As mulheres são muito versáteis e têm capacidade para fazer várias coisas ao mesmo tempo. O seu papel não pode ser desvalorizado”, sublinhou.
A autarca considera que a mudança necessária tem que começar com as crianças incutindo-lhes que elas podem ser o que quiserem, que não existem limites para as escolhas e que não devem seguir aquilo que supostamente é imposto pela sociedade.
Maria João Morais também defende que os ordenados entre homens e mulheres devem ser iguais. “É uma mentalidade que está instituída. Esperemos que daqui a uns anos tudo isto mude e que haja realmente uma igualdade de género. Os direitos para homens e mulheres ainda não são iguais. Muitas vezes as mulheres acomodam-se e não lutam pelos seus próprios direitos. Tudo isso tem que mudar para que a sociedade possa evoluir e tornar-se mais igualitária”, sublinhou.