Na vida nunca é tarde para tirar um sonho da gaveta e concretizá-lo
Carina Pedro tem 34 anos e é enfermeira no Hospital Vila Franca de Xira. Há momentos na vida em que se tomam atitudes que a moldam para sempre. Carina Pedro é uma mulher de armas que não desiste perante a adversidade e luta sempre para alcançar os seus sonhos. É hoje enfermeira no hospital num dos blocos que mais tem crescido nos últimos anos, o da neonatologia.
Gostar do que se faz e nunca desistir de lutar para alcançar os sonhos são pilares fundamentais na vida de Carina Pedro, 34 anos, enfermeira na unidade de neonatologia do Hospital Vila Franca de Xira. O seu percurso profissional tem a particularidade de ter começado logo aos 17 anos, quando decidiu deixar a escola e rumar a Lisboa à procura de trabalho. Só mais tarde, com grande sacrifício pessoal, decidiu investir na sua formação e ser enfermeira. Um percurso que já é tido como exemplo por outros profissionais de saúde e que O MIRANTE foi conhecer.
Natural de Abrantes, Carina Pedro rumou a Lisboa e encontrou o seu primeiro emprego como babysitter. Sempre teve o sonho de ser enfermeira e seguir carreira na área da saúde mas optou por guardar esse sonho numa gaveta e viver um dia de cada vez. “Um dia um médico, que também trabalha aqui no hospital e que já tinha trabalhado na zona onde eu estava, precisou de uma pessoa para cuidar da esposa e dos dois adolescentes. Precisava de uma pessoa que os acompanhasse e que fosse quase como uma cuidadora. Foi aí que tudo começou, foi uma família que me acolheu e que considero como minha também”, recorda.
Voltou aos bancos da escola para completar o 12º ano num curso multimédia, área que detestava. Com esse grau escolar conseguiu entrar no hospital vilafranquense como auxiliar de acção médica. Foi nesse cargo que teve o primeiro contacto com o mundo hospitalar e foi onde se sentiu em casa.
“Há momentos em que se decide se é agora ou nunca. Nunca devemos desistir, se arrumarmos um sonho dentro de uma gaveta vale sempre a pena ir lá espreitar de vez em quando e um dia agarrá-lo”, conta. Foi isso que fez. Aos 30 anos decidiu lutar para ser enfermeira e candidatou-se ao programa Maiores de 23 de acesso ao ensino superior. Fez as provas e entrou na Escola Superior de Saúde de Santarém, onde se viria a licenciar. “Estar no ensino superior foi a melhor experiência da minha vida, mesmo sendo dez anos mais velha que os alunos que lá estavam, foram muito bons para mim, incluindo enquanto me praxaram”, conta com um sorriso.
Cuidar não é só tratar das feridas
Estudar e trabalhar ao mesmo tempo não foi nada fácil, confessa a profissional, lembrando os dias em que chegava a dormir “três a quatro horas” por noite para conseguir estar em todo o lado e ainda trabalhar por turnos. “Cheguei a pensar desistir muitas vezes no início mas depois lembrei-me que estaria a desperdiçar a minha oportunidade de ter o meu trabalho de sonho”, conta.
Carina lembra que não foi fácil despir a farda de auxiliar para vestir a de enfermeira. Mas garante que guarda todas as colegas no coração independentemente da área onde estão. “Trabalhamos todos os dias com o ser humano, com pessoas que podiam ser nossas familiares e por isso temos de ser os melhores todos os dias. Temos de ter muita humildade no que fazemos mas também uma grande bagagem emocional para estar neste trabalho e muitas vezes levamos alguns problemas para casa”, confessa.
Para Carina Pedro o doente nem sempre precisa apenas que lhe seja tratada a ferida. “Às vezes as pessoas precisam também de um ombro amigo, de um desabafo, um carinho. Um enfermeiro é tudo isso e muito mais, só temos de gostar do que fazemos”, conclui. Lidar todos os dias com crianças é algo especial para Carina Pedro, que em pequena já tinha o sonho de ser enfermeira.