Campas e jazigos ao abandono no cemitério de Vila Franca de Xira
Antigamente as famílias ricas optavam por comprar jazigos e campas. Era uma forma de afirmação da sua posição social e económica mesmo na morte. Os faraós também o faziam mas a uma escala muito maior. A mobilidade era menor e as famílias existiam na mesma terra ao longo de várias gerações. Já agora, penso que o terreno das campas não é vendido em regime de propriedade plena mas sim cedido perpetuamente.
Actualmente a situação é muito diferente. Deve haver terras onde não há já elementos de uma ou várias famílias e até famílias que será difícil contactar. Não é por acaso que há cada vez mais pessoas a querer ser cremadas. Como ir aos cemitérios tratar das campas deixou de ser um hábito ou obrigação, como os familiares são poucos ou inexistentes, a cremação é uma solução.
Quanto aos cemitérios antigos as câmaras municipais vão ter, caso não encontrem descendentes dos defuntos com capacidade ou vontade de intervir, de tomar posse de jazigos e campas, preservando apenas o que valha a pena preservar, em termos materiais, mas respeitando sempre a dignidade de quem ali jaz. É difícil mas tem que ser feito, custe o que custar. É uma obrigação social do município.
Maria da Conceição Costa