Mais do que uma bebida, o café é um acto social
Dia Mundial do Café assinala-se a 14 de Abril. Além dos benefícios que se dizem comprovados cientificamente, como a ajuda na prevenção de doenças como o Alzheimer ou Parkinson, o café é um pretexto para sair de casa ou fazer uma pausa no trabalho.
O café está entre os produtos alimentares mais consumidos no mundo e a cafeína é uma das substâncias activas mais utilizadas na produção de fármacos. Nas últimas três décadas foram publicados cerca de 40 mil documentos técnicos que revelam que o café é protector contra doenças como a diabetes (tipo 2), a demência (Alzheimer ou outras), doenças hepáticas (cirrose ou carcinoma) e Parkinson, sendo também seguro para doentes com problemas cardiovasculares e até para doentes com insuficiência cardíaca. “Tomar três a quatro cafés por dia além de não representar perigo para a saúde pode até ser benéfico”, diz-nos o nutricionista Miguel Silva. A excepção são as crianças, adolescentes e idosos devido aos efeitos estimulantes que a cafeína provoca no sistema nervoso.
Miguel Silva é nutricionista há uma década e dá consultas na clínica Medial, por cima da Farmácia Mendonça, propriedade dos seus pais, em Almeirim. O clínico confessa que bebe dois cafés por dia, mas que não tem qualquer problema em recomendar a toma de até quatro cafés diários. “O importante é não ultrapassar os 400 miligramas de cafeína”, refere.
Miguel sublinha que a cafeína tem antioxidantes como o ácido clorogénico, que neutraliza os radicais livres que podem lesar as células. E continua a lista de benefícios com a comprovada aceleração do metabolismo e queima de gordura, (sendo por isso utilizada na composição de muitos produtos de emagrecimento).
O especialista fala também na ajuda que pode dar em casos de problemas respiratórios como a asma, mas refere que é importante não ultrapassar os três a quatro cafés por dia, pois mais do que essa quantidade pode provocar insónias, ansiedade, irritabilidade e palpitações. Lembra ainda que a cafeína é agressiva para o estômago e não deve ser ingerida por quem tem problemas do trato gastrointestinal.
Além dos benefícios clinicamente provados, Miguel Silva refere que o café é um acto social e esse é um dos seus melhores benefícios, obriga as pessoas a sair de casa ou a fazer uma pausa no trabalho e a conversarem um pouco. “O dia corre melhor, o trabalho passa mais rápido quando se faz uma pausa para café”, diz-nos sorridente.
Quanto à questão da dor de cabeça associada à falta de café, o nutricionista explica que, quando há o hábito da toma de café, o organismo cria uma pequena dependência, uma espécie de vício, porque a cafeína faz parte da família das xantinas (assim como o chá com a teína e o chocolate com a teobromina). “A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central, aumenta a memória, a concentração e o estado de alerta, daí algumas pessoas dizerem que só começam a funcionar depois de beber um café”, refere Miguel Silva, acrescentando que não há qualquer problema nisso, “desde que o bebam sem açúcar”.