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Ricardo Chibanga despediu-se da arena da vida
Ricardo Chibanga

Ricardo Chibanga despediu-se da arena da vida

Carismático toureiro residente na Golegã faleceu aos 76 anos. Marcou uma época e deixa um legado memorável. Nasceu em Moçambique e veio para Portugal na década de 60 do século passado. Recebeu a alternativa em Sevilha, em 1971 e, no mesmo ano, estreava-se como matador de toiros no Campo Pequeno.

Ricardo Chibanga completou, a 8 de Novembro de 2018, 76 anos de uma vida recheada de momentos de triunfo dentro e fora das arenas. Nesse dia, O MIRANTE almoçou com o toureiro e com vários amigos que fizeram questão de estar presentes naquele que seria o seu último aniversário. Foi também a sua última entrevista, entre centenas que deu ao longo da vida. Chibanga faleceu na madrugada de terça-feira, 16 de Abril, em resultado dos problemas de saúde que já o afectavam há algum tempo. Foi hospitalizado no dia 2 de Março devido a um acidente vascular cerebral (AVC), tendo entretanto regressado a sua casa na Golegã, onde faleceu. Já por várias vezes tinham sido divulgadas informações da morte do ex-matador de toiros, que não se confirmaram.
Chibanga nasceu em Moçambique e veio para Portugal na década de 60 do século passado. Recebeu a alternativa de matador de toiros, na praça de Sevilha, Espanha, a 15 de Agosto de 1971, onde foi apadrinhado por António Bienvenida. Apresentou-se em Portugal como matador de toiros a 19 de Agosto desse ano, no Campo Pequeno, em Lisboa, e depressa o seu nome ficou famoso no mundo da tauromaquia.
Ainda agora era quase impossível andar dez metros pelas ruas da Golegã, sem parar, porque todos conheciam, todos gostavam de Chibanga e todos lhe queriam dar um abraço de felicitações. Chibanga foi um toureiro que marcou uma época e, para muitos, difícil de igualar.
“Aquilo que mais tenho orgulho é de ter amigos entre todas as classes sociais. Trato todos com o mesmo respeito, só assim se consegue ter tantas mostras de carinho como eu tenho”, referiu à nossa reportagem no dia em que completou 76 anos.
Foi o “único toureiro negro”, dizia, com um brilho nos olhos. Não escondia que tinha saudades das arenas, do calor do público, dos aplausos. Mas agora era tempo de dedicar-se à família, aos netos. “Agora são o que mais importa e vou dedicar-me a eles. São tudo o que tenho”, contava há pouco mais de cinco meses.
Chibanga fez da Golegã a sua terra de coração. Foi o primeiro africano matador de touros em toda a história da tauromaquia. Triunfou nas praças de toiros de quase todo o Mundo. Marcou pela sua elegância e ousadia. Arrancou aplausos de Picasso e Salvador Dali. À nossa reportagem dizia já nem se lembrar como lhe tinha surgido o gosto pelas touradas. “Lembro-me que vi uma vez e gostei. Trabalhei e dediquei-me muito e consegui”..

Ricardo Chibanga despediu-se da arena da vida

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