Na Colômbia as pessoas são mais felizes e abertas à mudança
Fernando Infante da Câmara é de Santarém e foi trabalhar para a Colômbia em 2012. Quadro da área da logística num grande grupo nacional, confessa que lhe custou deixar a família para trás quando abraçou o desafio de emigrar para um país de que tinha uma imagem muito negativa e que nunca tinha estado nos seus horizontes profissionais. Hoje admite que estava errado na apreciação e diz que a Colômbia é um país muito positivo.
Fernando Infante da Câmara, 42 anos, estava bem lançado em Portugal a trabalhar na área da logística no grupo Jerónimo Martins mas um convite da empresa para ir trabalhar na Colômbia na área de dimensionamento logístico, para a cadeia de supermercados Ara (propriedade da Jerónimo Martins), levou-o a arriscar novos desafios. Agarrou nas malas e, em 2012, partiu à aventura. Primeiro esteve três anos em Pereira (no centro do país), depois dois anos em Barranquilla (na zona norte) e desde há dois anos está na capital, Bogotá.
“A verdade é que a Colômbia não fazia de todo parte dos meus planos como local de eleição para emigrar. A imagem que é passada na Europa sobre este país é ainda hoje bastante negativa e não via nenhum ponto positivo em ir para lá”, confessa o actual director de logística do grupo Jerónimo Martins, recordando que quando chegou à Colômbia mudou automaticamente de opinião.
E se não teve dificuldades na adaptação ao novo país, já deixar os três filhos e a mulher para trás não foi fácil. “Ao início usava muito as novas tecnologias para matar saudades mas, depois, com o tempo, comecei a habituar-me à distância”, conta o emigrante que actualmente tem a seu lado a mulher e os quatro filhos (um deles já nascido na Colômbia).
Fernando Infante da Câmara realça que existem grandes diferenças entre Portugal e a Colômbia. Começa logo pela forma como as pessoas vivem a vida. Enquanto os portugueses são mais negativos e não gostam de sair da sua zona de conforto, os colombianos são mais felizes e abertos à mudança. “Este é um país muito positivo. Aqui as pessoas querem sempre aprender e ser melhores ao contrário de Portugal”, adianta o emigrante que nasceu em Badajoz e viveu toda a sua infância e juventude em Santarém.
Outra diferença passa pela geografia e dimensão do país, que leva muitas pessoas a preferirem os meios aéreos para se deslocarem entre regiões. Há ainda uma tradição, durante a época natalícia, que não existe em Portugal, que é o “Dia de las Velitas” (Dia das Pequenas Velas) em que as famílias colombianas acendem centenas de pequenas velas e colocam-nas nas ruas diante de suas casas, supostamente para iluminar o caminho para a Virgem Maria.
Saudades da família e da gastronomia
Fernando viaja para Portugal duas vezes por ano e confessa que do que sente mais saudades é da família e dos amigos e também da comida portuguesa. Felizmente, diz, vive-se numa era em que a tecnologia ajuda imenso a encurtar distâncias, graças às redes sociais. Quanto aos pratos portugueses, é a mulher, que se encontra actualmente em casa, que faz questão de cozinhar. “Desde um bom prato de bacalhau à tradicional feijoada, a minha esposa confecciona tudo. É realmente uma cozinheira exímia”, garante, dizendo que a única dificuldade é mesmo adquirir alguns ingredientes mas vai-se adaptando as receitas.
Com quatro filhos a cargo, Fernando Infante da Câmara conta que o seu dia começa sempre muito cedo, pelas cinco da manhã. Leva os filhos à escola e vai trabalhar. Só no final do dia, pelas 20h30, é que ruma a casa, janta e aproveita para descontrair e estar com a família. Nos dias em que não trabalha, aproveita para viajar com os filhos e a mulher e praticar ténis.
Fernando Infante da Câmara não tem dúvidas que trabalhar na área do retalho na Colômbia é um grande desafio não só pela temperatura, mas também pelo trânsito das grandes cidades, que obriga que as empresas tenham elevados encargos para assegurar o exercício da sua actividade. Por outro lado, diz, nesse país consome-se muito arroz, batatas, frango, ovos – só por ano cada colombiano come uma média de 280 ovos – e muita fruta, o que é “uma verdadeira delícia para a área do retalho”.
Olhando com bons olhos para o seu futuro e do seu país, Fernando Infante da Câmara admite que o seu objectivo é voltar para Portugal, dependendo agora da empresa e da conjuntura financeira do país. Para já, vai-se mantendo pela Colômbia e os filhos vão contando com uma formação diferenciadora tanto a nível da língua como do próprio tipo de ensino. “Eles depois escolherão onde querem ficar”, conclui.