Trinta e cinco anos com inundações na sua casa no Entroncamento a ouvir “tretas” autárquicas
Em Dezembro de 2009, O MIRANTE publicou uma reportagem com o título, “As inundações no Entroncamento são um tormento para o casal Azevedo”, que começava assim: “Maria Helena Azevedo e o marido, Manuel Azevedo, compraram uma casa no Entroncamento em 1974, na rua Vasco da Gama nº 8, perto da câmara municipal. Ao fim de nove anos, em Novembro de 1983, a casa sofreu uma inundação. Foi a primeira de sete”.
E continuava: “Na quinta-feira, dia 10 (de Dezembro de 2009), extremamente nervosa, a proprietária foi à reunião do executivo municipal dizer que vai viajar para a Alemanha onde o seu filho reside e que não vai tranquila porque, 26 anos depois, o problema que origina as inundações não está resolvido e ela não sabe o que poderá acontecer durante a sua ausência”.
Nesse 12 de Dezembro de 2009, era presidente da câmara Jaime Ramos (PSD) e em resposta à reclamação da munícipe, responsabilizou a oposição por ter recusado a adesão do município à empresa “Águas do Centro”, adesão essa que, segundo ele, já teria permitido resolver o assunto, uma vez que a câmara não tinha dinheiro para intervir na Ribeira de Santa Catarina (que atravessa a cidade sendo tapada ao longo do percurso), de forma a acabar com as inundações na cidade, de uma vez por todas.
Uma dúzia de anos antes, a 28 de Fevereiro de 1996, numa entrevista a O MIRANTE, o então presidente da câmara do Entroncamento, José Pereira da Cunha (PS), tinha afirmado que a autarquia ia resolver, nesse ano, o problema das inundações que ocorriam em algumas zonas da cidade. “Estamos a construir um ramal”, dizia o autarca, “...para desviar setenta por cento do caudal da ribeira de Santa Catarina para a Ribeira do Bonito”. Não era verdade. O ramal não estava a ser feito nem viria a ser feito.
No dia 15 de Abril deste ano, mais de 35 anos depois da primeira inundação na sua casa, que foi em Novembro de 1983, e 14 dias depois de mais uma inundação, Maria Helena Azevedo voltou a uma reunião de câmara para repetir a sua eterna reclamação.
O Entroncamento já passou o sistema de águas residuais para a empresa que sucedeu à Águas do Centro, há quinze anos. Jaime Ramos que era o presidente em 2009 é agora vereador na oposição e calhou ao vice-presidente, Carlos Amaro, do actual executivo PS, dizer alguma coisa sobre estudos e trabalhos na Ribeira de Santa Catarina. Trinta e cinco anos de inundações e reclamações, três presidentes de câmara de partidos políticos diferentes, muitos estudos, projectos e promessas e solução não há. Um fenómeno de... ineficiência!!!
Rui Ricardo