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Antigo Hospital de Azambuja ao abandono e sem solução à vista

Misericórdia quer fazer Unidade de Cuidados continuados com dinheiro comunitário. Chegou a admitir-se que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa financiaria a adaptação do edifício para Unidade de Cuidados Continuados, mas tal não se concretizou. A ideia não esmoreceu porque foi feito um projecto, mas a obra orçada em milhão e meio de euros só avança com dinheiro de Bruxelas ou do Governo.

O antigo Hospital de Azambuja, propriedade da Misericórdia, está ao abandono há mais de 12 anos e os actos de vandalismo são frequentes. Há vontade de ali instalar uma Unidade de Cuidados Continuados mas não há dinheiro.
Segundo o presidente da Assembleia Geral da Misericórdia de Azambuja e antigo Provedor, Manuel Ferreira, havia um acordo com a Misericórdia de Lisboa para esta financiar a obra na totalidade, com uma verba de um milhão e meio de euros, que não se concretizou.
O projecto previa a existência de 40 camas, gabinetes médicos, serviço de imagiologia, radiologia, fisioterapia, entre outras valências de prestação de cuidados continuados a pessoas com doenças crónicas e em reabilitação, após internamento hospitalar.
Contactada por O MIRANTE, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, afirma que nunca chegou a existir qualquer formalização do acordo entre as duas entidades.
Apesar de tudo assentar “numa promessa”, a Misericórdia de Azambuja resolveu avançar com a elaboração do projecto arquitectónico que representou custos na ordem dos 23 mil euros, adiantou a O MIRANTE o Provedor da Instituição, Vítor Lourenço. “A Misericórdia investiu dinheiro acreditando numa promessa que caiu por terra, deixando o antigo hospital novamente sem perspectivas”.
O Provedor diz que a Misericórdia de Azambuja não tem capacidade financeira para assegurar um investimento daquela natureza, sem ter a parceria do Estado ou de uma entidade privada. Vítor Lourenço considera ainda que “o Estado é a entidade que mais interesse deveria ter neste projecto, tendo em conta a responsabilidade social que lhe está inerente”.

Esperança mora no Portugal 2030
Apesar da falta de financiamento, criar uma UCC continua a ser o objectivo, quer pela enorme potencialidade do edifício, quer pela resposta social de cuidados continuados de que o concelho de Azambuja carece, refere o Provedor. A esperança reside agora, no financiamento através de fundos comunitários do Portugal 2030.
A O MIRANTE, o presidente do município, Luís de Sousa (PS) confirma que tem mantido conversações com a Misericórdia e que a autarquia está aberta a essa possibilidade, não podendo de outra forma contribuir para um investimento daquela envergadura.

Edifício é um “antro de marginalidade”
O imponente edifício do antigo hospital, encerrado desde 2007, é alvo frequente de visitas nocturnas, causando um clima de insegurança aos moradores da zona. Para Humberto Ferreira, morador numa das ruas adjacentes, o local é “um antro de marginalidade. Já roubaram vidros das janelas e caixilharias. É uma dor de alma olhar para aquele hospital. Se não há solução, vendam-no. Estar naquele estado é que não”, desabafa.
Também o Provedor da Misericórdia admite que o definhar daquela infra-estrutura se está a tornar insustentável e a gerar incómodo para quem ali vive, acrescentando que é intenção da Misericórdia mandar emparedar as janelas, ao nível do chão, para evitar a entrada de estranhos. A O MIRANTE,
Luís de Sousa informa que a autarquia já se mostrou disponível para ceder a mão de obra necessária para tal.
O antigo hospital foi construído nos anos 50 com verbas angariadas pela comunidade local, e, por esse motivo, Vítor Lourenço entende que a venda do edifício está para já fora de questão. “Há um cordão umbilical com aquele edifício por ter sido construído com o dinheiro do povo e entregue à Misericórdia. Não gostaríamos de cortar esse cordão, mas antes dar-lhe uma nova utilidade”, refere.

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