Novelas, medalhas e figuras de urso
Fulgurante Manuel Serra d’Aire
O escritor de romances e telenovelas Francisco Moita Flores é ele próprio um enredo que dava uma longa série televisiva, tantos são os episódios em que o multifacetado personagem é protagonista. O comentador já saiu de Santarém há mais de meia dúzia de anos mas parece que ainda continua a ir tomar a bica todos os dias às esplanadas do Largo do Seminário, como aquele senhor muito religioso e também cheinho de carnes e barbudo que era assessor do Benfica e que, tal como o escritor e ex-polícia, também anda a contas com a justiça.
Moita Flores deixou um legado em Santarém que vai demorar décadas a pagar, perdão, a apagar. E agora está metido numa alhada judicial devido a obras que terão sido feitas à margem das normas no antigo quartel da Cavalaria. Como se o enredo não fosse, já de si, suficientemente picante, há a acrescentar que a denúncia que entalou o ex-autarca foi feita pelo seu sucessor no cargo e actual presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves. É a história típica de como dois antigos aliados se tornam inimigos figadais, daqueles do pior que pode haver. Esta história é daquelas que tem tudo para não ter um final feliz...
Maio é mês de aparições, como já havia escrito no último email, e as surpresas continuam. Desta vez falo do urso pardo que apareceu no norte de Portugal, espécie considerada extinta no nosso país desde 1843 (e aqui abro um parêntesis para sublinhar que estou a falar de ursos pardos e não de ursos parvos, para não haver confusões). Entretanto, parece que o urso já deu à sola, não fosse aparecer o Presidente Marcelo para tirar uma selfie ou até para lhe dar uma medalha no 10 de Junho, já que há quem as tenha recebido por muito menos.
Quem merece uma medalha é o deputado Duarte Marques, de Mação, que numa comissão parlamentar de inquérito apertou os calos como deve ser ao comendador Joe Berardo, ao ponto de este se sentir incomodado. Conseguir remover o ar de gozo da cara desse rei da desfaçatez e da pouca vergonha, que se julga dono do mundo e acima de qualquer contratempo, não é para todos. O jovem político de Mação tem aprendido umas coisas e, acima de tudo, tem pêlo na venta, qualidade de louvar num meio onde abundam os choninhas e copinhos de leite. Dá-lhe Duarte, que pelo menos nessa luta o povo está contigo!
Fico satisfeito por saber que a Zona Industrial do Entroncamento vai acolher uma danceteria, a cidade dos fenómenos está atenta às novas tendências e segue o exemplo do que já sucede noutras cidades do país, de que Santarém é outro exemplo. Mais vale ter pavilhões com pistas de dança e bolas de espelho nos tectos do que vazios e entregues à bicharada. Além disso, trata-se de uma actividade que se pode classificar como industrial. Numa danceteria fabrica-se muita coisa, desde novas amizades coloridas a valentes carraspanas, dependendo do que cada um quer lá ir fazer. Além disso incineram-se calorias e há a vantagem de não ser uma indústria poluente, exceptuando eventualmente algum cheiro a sovaco na pista quando está mais calor. Portanto, é deixá-los dançar!
Um abraço (mas não de urso) do
Serafim das Neves