Dia do Advogado em Santarém com críticas ao poder político
Comemorações nacionais decorreram pela primeira vez na cidade ribatejana e juntaram cerca de quatrocentos profissionais.
Santarém recebeu durante o fim-de-semana pela primeira vez as comemorações nacionais do Dia do Advogado, um evento promovido pela Ordem dos Advogados e coorganizado este ano pelo Conselho Regional de Évora e a Delegação de Santarém da Ordem dos Advogados (OA).
A sessão solene decorreu na tarde de domingo, no Convento de São Francisco, onde se ouviram alguns discursos bastante críticos relativamente ao poder político. O presidente da Delegação de Santarém da Ordem dos Advogados, Ramiro Matos, aludiu à falta de meios físicos e humanos nos tribunais e ao valor elevado das custas judiciais que, na óptica do advogado escalabitano, tornam a justiça um bem de luxo para a maior parte dos cidadãos.
Carlos Florentino, advogado no Cartaxo e presidente do Conselho Regional de Évora, também tocou nesse ponto. Referiu que a justiça não está ao alcance de todos os cidadãos e criticou ainda, entre outros aspectos, a reorganização “cega” do mapa judiciário, sem ter em conta algumas especificidades territoriais.
A desvalorização do trabalho dos advogados e o exercício de competências na área do Direito por outras classes profissionais, como a dos solicitadores, também foram sublinhadas durante a série de discursos em que falaram também o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, o presidente do Conselho Fiscal da OA, Jorge Bacelar Gouveia, o presidente do Conselho Superior da OA, Luís Menezes Leitão e o bastonário Guilherme Figueiredo.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, manifestou a intenção de fazer crescer a cidade judiciária, dizendo que continuam a trabalhar para ter um desdobramento do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria.
Durante a tarde foi ainda prestada homenagem a um vasto conjunto de advogados, entre eles três antigos bastonários, que receberam a Medalha de Ouro ou a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados.