Pai e filho acusados de homicídio no Sobralinho
Ministério Público acusa António Rato de homicídio qualificado por ter atropelado mortalmente Celso Patrick Borges, em Setembro último. O seu filho, Marco Rato, alegado autor da facada na cabeça da vítima, é acusado de tentativa de homicídio.
Morreu atropelado pelo seu próprio carro depois de lhe ter sido desferido um golpe de arma branca na cabeça. Patrick Borges, 43 anos, que residia em Vila Franca de Xira, deixou mulher e sete filhos. O caso remonta a 30 de Setembro de 2018 e os alegados autores do homicídio, António Rato, de 52 anos, e Marco Rato, de 23 - pai e filho - são acusados pelo Ministério Público (MP) de homicídio qualificado e homicídio na forma tentada, respectivamente.
O MP acredita que os arguidos agiram “livre, deliberada e conscientemente” na prática dos seus actos. No despacho da acusação, a que O MIRANTE teve acesso, pode ler-se que “António Rato sabia que ao destravar o veículo, permitindo que o mesmo deslizasse na direcção da vítima, debilitada em função do golpe de canivete que sofrera momentos antes, podia causar-lhe a morte”.
Recorde-se que Patrick Borges estava com o seu irmão David, próximo da Sociedade Columbófila, no Sobralinho, quando foram interpelados por três indivíduos, que começaram a gritar e a pontapear o carro onde seguiam. Um deles era Marco Rato que, momentos depois, na Rua Amâncio Aleixo, empunhou um canivete e deu uma facada na cabeça de Patrick.
A facada, considera o MP, provocou na vítima “lesões crânio-encefálicas”, que seriam, por si só, capazes de “produzir a morte, caso não ocorresse assistência médica urgente, dada a abundante hemorragia”. Neste sentido, Marco Rato é acusado de homicídio na forma tentada, arriscando-se ao cumprimento de uma pena de prisão até 16 anos.
Depois da agressão que o deixou a “sangrar abundantemente”, Patrick deslocou-se para o seu veículo e percorreu uma rua até o imobilizar no meio da estrada, na Rua Duque da Terceira, “apenas com o travão de mão, porta destrancada e o vidro aberto”. Devido à gravidade do ferimento caiu metros à frente. É nesse momento que, segundo o Ministério Público, António Rato ao aperceber-se de Patrick caído no chão, destrava o carro permitindo que este deslizasse até colher a vítima.
Tendo como base o relatório da autópsia, o Ministério Público refere que “as lesões traumáticas torácicas, provocadas pela conduta do arguido António Rato, foram causa directa e necessária da morte da vítima”, arriscando-se agora a uma pena de prisão que pode chegar aos 25 anos, por homicídio qualificado.
No âmbito do mesmo caso, é reclamada uma indemnização de 270 mil euros à viúva e filhos de Patrick Borges, pela perda do direito à vida e o sofrimento da vítima. A defesa de António e Marco Rato contestam o pedido, considerando-o manifestamente exagerado.
António e Marco Rato cumprem a medida de coacção de prisão preventiva e vão ser presentes em tribunal colectivo, em Setembro próximo.
Alegado homicida acusa irmãos Borges de agressão
Tal como O MIRANTE noticiou em Outubro passado, foi Bruno Borges quem encontrou Patrick debaixo do carro, “com as pernas, abdómen e uma parte significativa do tórax esmagado, vivo, mas sem reacção”, lê-se no relatório da PJ. Depois de ver o irmão em agonia, momentos antes de falecer, Bruno, enfurecido e emocionalmente transtornado foi ao encontro de António Rato e envolveram-se numa rixa. Os irmãos de Patrick, David e Bruno Borges, estão acusados por António Rato de ofensa à integridade física simples.