PS não quer classificar antigo mercado de Abrantes para não inviabilizar projectos
Bancada socialista na assembleia municipal apresentou e aprovou moção que mereceu críticas. Oposição diz não ver intenção do município em preservar ou travar o estado deplorável em que se encontra o edifício.
A bancada do Partido Socialista (PS) na Assembleia Municipal de Abrantes apresentou uma moção sobre o antigo Mercado Diário de Abrantes onde se manifesta contra a classificação do edifício como de interesse municipal, por impossibilitar muitos projectos que ali se poderiam implementar.
Os socialistas clarificaram a sua posição relativamente ao edifício do mercado diário, como tinham assumido que fariam na sessão de Abril da assembleia municipal. “O Plano de Urbanização de Abrantes [PUA] não será impedimento para qualquer projecto que possa vir a ser ali implementado, ao contrário do que seria se classificássemos o edifício como de interesse municipal”, explicou Jorge Beirão (PS), acrescentando que tal atitude seria populista ou irresponsável.
A bancada socialista considera que, até haver uma proposta de projecto a ser debatida para o local, não se deve fazer qualquer alteração nem classificar o edifício como imóvel de interesse municipal. “Tendo em conta que o PUA é um plano orientador e que pode ser alterado por esta assembleia municipal, o que nele consta em nada impede que seja possível aceitar qualquer projecto para o antigo mercado diário”, acrescentou.
A moção do PS foi criticada pelas bancadas do PSD, BE e pelo presidente independente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos. A bancada do BE considera que a posição do PS não traz nada de novo com vista à revogação da demolição do imóvel, e continua sem reconhecer nenhum dos valores do Mercado Diário de Abrantes, nomeadamente patrimoniais, históricos e arquitectónicos. Além disso, não evidencia qualquer acção nem intenção no sentido da preservação nem na travagem do estado deplorável em que se encontra o edifício.
O eleito Pedro Grave sublinhou ser inadmissível continuarem a assumir que o Mercado Diário não tem nenhum valor intrínseco e que precisa de projectos para se manter de pé. “Para o PS primeiro estão os projectos, depois a salvação”, criticou. O presidente da Junta de Rio de Moinhos, Rui André, sugeriu que o executivo municipal, liderado por Manuel Valamatos (PS), dê prioridade a um projecto para o mercado até final do ano em vez de deixar degradar cada vez mais o espaço. “Valorizar aquele edifício à entrada da zona histórica da cidade é fundamental para a sua preservação”, disse.
O PSD defende que a moção apresentada pelo PS só pode ser uma brincadeira de mau gosto. “Com esta moção o PS quer que a assembleia municipal faça sua a posição do PS, sem qualquer tipo de concertação com as posições de outros partidos. Os imóveis classificam-se porque é uma tarefa fundamental do Estado, incluindo as autarquias, a salvaguarda e a valorização do património cultural assegurando a transmissão da herança nacional”, afirmou. A moção acabou aprovada pela maioria socialista.