Celebrar a vitória na câmara a mandar o presidente para o alho
Tumultuoso Serafim das Neves
As redes sociais estão a ficar com falta de espaço. Só assim se compreende que os seus mais brilhantes utilizadores tenham que recorrer a outros suportes para divulgar as sua magníficas produções mentais.
Esta semana deve ter ocorrido mais um colapso a nível de espaço de armazenamento na nuvem “cloud” e o resultado foi o aparecimento da frase “colonialismo é fascismo” na base da estátua de Pedro Álvares Cabral, em Santarém.
O pensamento, de tão brilhante autor, conseguiu sobreviver mas resta saber se irá ter a difusão pretendida. Partilhar o enorme bloco de calcário não é o mesmo que partilhar um qualquer “bitaite” no Facebook, por exemplo.
A cidade do Entroncamento devia receber um prémio das Nações Unidas pela implementação de boas práticas sociais, nomeadamente no apoio aos reformados. O ano passado, durante as festas da cidade, deu abrigo a uma trupe de velhotes americanos chamada Cock Robin. Este ano, também nas festas, acolheu uma outra agremiação de camones aposentados chamada Gene Loves Jazebel. Nem o famoso Obama Care trata tão bem os idosos da América.
E por falar em festas do Entroncamento, fiquei a saber que o Quim Barreiros fez mais um dos seus alegres espectáculos mas optou por não cantar o já famoso Hino dos Vagineiros. Ele ainda falou da cantiga mas secou-se-lhe a garganta.
Terá sido por haver poucos machões no público? Por medo de represálias na altura de pagamento do cachet, porque a câmara tem, pelo menos, duas senhoras na vereação e um eleito do Bloco (Mortáguas) de Esquerda? Fosse por que motivo fosse, foi pena. Afinal não há nada melhor para enfrentar o novo Movimento Nacional Feminino do que um bom refrão como o do hino. “À vagina, à vagina/ Cantamos nós os campeões/À vagina, à vagina/Ser vagineiro é ter pulmões”.
Almeirim continua em alta. Depois da famosa caralhota, eis que o concelho surge como a capital da cenoura. Eu sobre esses pães conhecidos pelo irreverente nome de caralhotas não tenho nada a dizer mas este investimento agrícola agora anunciado deixa-me desconfortável. Então não é que a cenoura que vai ser produzida para os americanos é cenoura bebé?! Com um raio. Tão belas e grandes cenouras que a terra tem e depois apresenta-se ao mundo com coisinhas do tamanho de dedinhos mindinhos?!
Ao lado de Almeirim, na Chamusca, onde quem manda é o Queimado, a câmara comprou uma casa ao vereador do PS. Bastaram dois votos, o do presidente e o da vice-presidente, para que oitenta mil euros dos nossos impostos fossem derretidos na aquisição. Eu também tenho um casinhoto lá na terra que gostava de vender. Sabes como é que posso convencer esse presidente socialista a comprá-lo? Será preciso inscrever-me no PS? Na maçonaria? No Benfica?
Em Vila Franca de Xira o presidente da câmara, Alberto Mesquita, quis imitar os seus colegas presidentes de Lisboa e Porto e recebeu a equipa de futebol nos paços do concelho para assinalar a subida à segunda liga. Como o edifício não tem varanda a coisa foi mais rasteirinha. Os fantásticos adeptos lançaram bombas de fumo, mandaram o autarca para o caralho e até houve um que lhe quis chegar a roupa ao pêlo.
Fico sempre sensibilizado quando vejo uma equipa pequena com uma claque tão ambiciosa, tão ambiciosa, que até parece que já joga na Primeira Liga. Vê-se que aqueles adeptos têm a escola toda dos grandes clubes e dos grandes estádios e não perdem programas de televisão como “Parte-lhe as canelas”, “Sarrafada atómika” ou “Dá-lhe no osso”.
Termino com uma referência ao caso da bancária de Tomar que é acusada de ter ficado com 121 mil euros de uma idosa. Há muitos anos que sigo estes casos de idosos e idosas que no dia-a-dia são alvos preferenciais de políticas de aumento de pensões, tarifários sociais, isenções e almoços da terceira idade mas que quando são burlados, lesados ou roubados é logo em dezenas de milhares de euros. Eu, que nem metade da casa ainda consegui pagar ao banco, não vejo jeito de chegar a idoso para ficar a saber o segredo da reprodução do dinheiro.
Vigorosas saudações
Manuel Serra d’Aire