Sou contra a regionalização porque conheço demasiados caciques do poder local
Mais mês, menos mês, vai chegar uma nova tentativa de implementar as regiões e desta vez parece que não vamos ter oportunidade de votar em referendo porque os defensores da coisa não irão arriscar uma segunda derrota. Sinal disso são as muitas declarações sobre a legitimidade dos deputados eleitos para a aprovarem na Assembleia da República.
No primeiro referendo, em 1998, votei contra por dois motivos. Porque o mapa de regiões proposto tinha sido desenhado para agradar aos partidos políticos, assemelhando-se a uma partilha de territórios e eleitorado em vez de reflectir qualquer coisa de útil para os portugueses e porque pressenti que os piores dos piores autarcas já afiavam os dentes para os novos lugares políticos, com mais projecção e mais mordomias.
Agora nem quero esperar por um novo mapa. Passados estes anos todos, pude comprovar que tinha razão em relação aos apetites de poder de alguns dos piores autarcas do país. Posso dizer, nesta altura, que conheço demasiados caciques de poder local para poder estar a favor da regionalização.
João Tiago M. Gomes