Uma geração que descarta os seus objectivos porque não se quer esforçar
Esta geração das redes sociais nasceu num berço de ouro onde tudo é descartável, onde um telefone de 600 euros não se manda reparar, compra-se novo, onde se escolhe o que se quer ver e não os quatro canais onde apenas passam programas escolhidos pelos canais. Este fenómeno de mudança de comportamentos e de qualidade de vida, claramente para melhor, transformou a sociedade milénio num grupo de jovens facilitadores, onde tudo é fácil e nada é preocupante.
Trabalhar arduamente é difícil, a dor na ponta do dedo do pé esquerdo é motivo para não ir à luta, os valores que antes se passavam ou em casa ou na tropa perderam-se, as relações interpessoais passaram também elas a serem descartáveis e muitos alegam hoje nos seus ambientes profissionais que “nem o meu pai manda em mim”, bora lá fazer uns “grafites” ou publicar uns “stories” no “insta” ou actualizar com um “snap”, muitos deles críticos da geração que não abandona uma tarefa sem a dar como concluída, “porque são é malucos”.
Podíamos dizer que é uma crise de educação ou de valores mas claramente não é. Acredito piamente que hoje em dia os pais (onde me incluo) se encontram numa luta desigual contra os “influencers” da internet, que têm formas mais eficazes e desiguais de introduzir crenças e valores na nova geração, sempre os valores mais fáceis de introduzir, aqueles que não trazem sofrimento e cansaço associado, muitas vezes ligado a caminhos apertados que acabam na barra dos tribunais ou em centros de reabilitação.
E não.. não sou contra a evolução, só não quero que a minha sociedade se destrua. Afinal sempre fomos conhecidos como um povo lutador e trabalhador.
Não nasci com internet, ela entra de forma massiva na sua utilidade quando já vivia sozinho com 19 anos, numa habitação unicamente sustentada e criada com o meu esforço e trabalho, e talvez por isso hoje me seja tão difícil entender o quão fácil é para os jovens de hoje em dia baixar os braços e desistir, alegando como motivo falta de resistência para lutar.
Deixo o desabafo, de quem tanto luta todos os dias para dar o melhor de si aos outros, para provar que com muito trabalho e empenho se vai longe e que vê a sua mensagem não entendida, porque fala muitas vezes para pessoas que olham para os objectivos das suas vidas como algo descartável e respondem: você é maluco!
Ricardo Correia