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In.Santarém evoca Salgueiro Maia com arte mural na antiga Escola Prática de Cavalaria
João Samina tem 29 anos e criou um mural alusivo a Salgueiro Maia na Escola Prática de Cavalaria de Santarém

In.Santarém evoca Salgueiro Maia com arte mural na antiga Escola Prática de Cavalaria

Intervenção urbana que deixa uma marca em Santarém num símbolo da liberdade.

Conheceu o capitão Salgueiro Maia através de livros e viu as chaimites a sair de Santarém na madrugada de 25 de Abril de 1974 em filmes e vídeos na Internet. João Samina, artista escolhido para pintar um mural de arte urbana na fachada da antiga Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC), sabe bem a importância do edifício para a cidade e para o país. O artista deu corpo a uma intervenção do In.Santarém – Festival de Artes e Cultura, que assim deixa uma marca na cidade símbolo da revolução que deu a liberdade ao país e homenageia Salgueiro Maia, o capitão que saiu da EPC com uma coluna militar para derrubar o regime.
João Samina sente o peso da responsabilidade de tão importante obra e é por isso que começou o trabalho com um nervoso miudinho. A intervenção urbana realizou-se entre os dias 5 e 7 de Julho. O artista tem 29 anos e vive entre a sua casa em Setúbal e Teresópolis, no Brasil. Os dias de calor não incomodaram João, de tão empenhado que estava em dar forma à ideia artística, que vai até uma altura de seis metros da fachada.
Em cima de andaimes, João vai dando pinceladas de vermelho, preto e cinzento. Usou pincéis largos, rolos, sprays de tinta e uma grande montagem com o rosto de Salgueiro Maia, concebida nas últimas semanas, tendo por base uma fotografia inédita do capitão de Abril. “Este foi um trabalho fácil porque consegui logo perceber o queria fazer, mas também de alguma responsabilidade, pois o 25 de Abril é um tema muito especial”, confessou, enquanto ia delineando as letras da matrícula da famosa chaimite que transportou Salgueiro Maia para Lisboa.
Foi no carro de combate do capitão, baptizada de “Bula”, que João se inspirou e que inclusivamente dá o título à obra. “Na minha geração os jovens ainda sabem o que é a “Bula” e dão algum interesse ao 25 de Abril, mas as gerações mais novas parece que já não sabem muito bem”, lamenta o artista que também viu o pai há vários anos a pintar um mural de arte urbana com o tema da Revolução dos Cravos. O gosto de João Samina pelo desenho e pela pintura já vem de família, sobretudo do pai que também é pintor. O artista começou aos 14 anos, a fazer umas pequenas intervenções urbanas, mas rapidamente a sua arte ganhou asas e iniciou-se na técnica de stencil.
João ainda tirou o mestrado em Arquitectura na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, mas acabou por colocar o canudo de lado para se dedicar inteiramente à pintura. São telas t-shirts, madeiras, paredes. João já trabalhou num pouco de tudo e resultado tem recebido rasgados elogios por parte das pessoas. Os populares que passavam pelo local iam tirando fotografias e elogiando o trabalho. “É um trabalho para o artista mas sobretudo para as pessoas”, num edifício que “é de Santarém mas também é de todos”.

Grafitar com mais de 65 anos

A arte urbana tem sido uma presença assídua nas várias edições do In.Santarém – Festival de Artes e Cultura. O objectivo, explica o programador cultural, João Aidos, é para que nenhuma arte fique de fora e para que a população possa ter acesso a novas experiências. “Este ano não tivemos oportunidade, mas na próxima edição vamos apostar num workshop ‘Latas 65’ e dar a possibilidade de pessoas com mais de 65 anos de fazerem arte urbana”, adianta João Aidos.

Estátua de Salgueiro Maia na antiga EPC

Com a intervenção urbana na fachada da antiga EPC a ser realizada, o programador cultural, João Aidos, admite que se devia também aproveitar para se repensar a localização da estátua de Salgueiro Maia e da chaimite, que actualmente estão no Jardim dos Cravos, numa das entradas de Santarém. João Aidos confessa que poderia ter mais enquadramento que a estátua estivesse à entrada da antiga EPC, ressalvando que é apenas a sua opinião pessoal. Era uma forma, acredita, de se dar mais importância ao edifício que hoje não tem qualquer identificação sobre este marco.

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