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Entroncamento Atlético Clube estreia-se nos distritais de futebol com um treinador campeão
foto DR Pedro Sampaio (à direita) com o presidente do Entroncamento Atlético Clube, Paulo Costa

Entroncamento Atlético Clube estreia-se nos distritais de futebol com um treinador campeão

Pedro Sampaio, 46 anos, natural de Abrantes, será o primeiro técnico do novo clube da cidade ferroviária. Depois de alguns anos a treinar equipas de futebol feminino, onde, como técnico adjunto, conquistou o título nacional com o Ouriense, regressa às competições masculinas com ambição.

Depois do futebol feminino no Estoril-Praia, esteve uma época sem treinar. Como é que chega ao Entroncamento Atlético Clube (EAC)?

Chego através do convite do presidente Paulo Costa. Sabia que eu não estava a treinar e disse-me que era a pessoa com o perfil e com os conhecimentos adequados para ser o primeiro treinador do Entroncamento Atlético Clube. Tive alguns convites e, por isso, demorei mais um bocadinho a aceitar do que o Paulo gostaria. Tive alguns convites dentro do futebol feminino.

Quais as razões para optar pelo EAC?

Aquilo que me fez aceitar foi realmente o projecto. Ser um clube novo, cheio de pessoas amigas, com um enorme entusiasmo.

Vai manter a equipa técnica que o tem acompanhado?

A estrutura serei eu, um adjunto e um treinador de guarda-redes. O treinador de guarda-redes já está certo, é o Paulo Simões. Quanto ao adjunto, neste momento, estamos a falar com algumas pessoas que ainda não têm a sua situação definida e, por isso, também ainda não nos deram uma resposta. Acima de tudo, queremos que seja uma equipa técnica compacta, com conhecimentos que se complementem e que possam ser uma mais-valia na ajuda da equipa em todos os momentos de jogo.

Tem sido fácil cativar jogadores a saírem de clubes já com historial para um clube que dá agora os primeiros passos?

Acho que sim, pela mesma forma que me cativaram a mim, ou seja, pelo projecto em si, que é novo e tem ambição. O Entroncamento, como todos sabem, tem uma grande história a nível do futebol sénior. Infelizmente, de há alguns anos a esta parte, não tem havido futebol sénior no Entroncamento e havia um anseio grande para que voltasse a haver futebol ao domingo à tarde na cidade. Isso foi conseguido com a criação deste clube há um ano. A partir desse momento, a mobilização foi enorme e muitos jogadores mostraram disponibilidade em voltar a representar o Entroncamento. Até porque já tinham feito a formação no CADE ou noutras equipas próximas.

Falou no CADE. Qual é que vai ser a ligação ao CADE, uma vez que é um clube estritamente de formação?

Neste momento ainda é precoce dizer qual é o tipo de relação que vai haver. Eu acho faz todo o sentido haver algum tipo de ligação porque são dois clubes da mesma terra. Agora, não sei de que forma isso se pode fazer no papel e também não é esse o principal intuito da minha ida para o Entroncamento. Mas com certeza estaremos atentos a alguns jogadores que sobem a seniores. Em relação a algo mais, terá sempre de passar pelas direcções dos clubes.

Quais são os objectivos do Entroncamento Atlético Clube para esta época?

Por tudo aquilo que estamos a construir, acho que é possível a luta pela 2ª Divisão e subir à 1ª Divisão distrital. Temos que ser ambiciosos. É a minha forma de estar no futebol.

Tem matéria-prima, leia-se jogadores, para isso?

Os jogadores que temos permitem-nos acreditar que vamos conseguir. Claro que não vai ser de mão beijada, porque há muitas equipas este ano que vão estar em processos semelhantes, com objectivos similares. O mais importante é darmos as condições para o clube evoluir, ajudando os jogadores a crescer, a potenciar as suas capacidades. E o clube evolui desde que toda a gente esteja sintonizada na ambição de podermos subir no primeiro ano.

Uma pergunta mais de passado. Começou há alguns anos nos infantis do Sport Abrantes e Benfica, fez todas as camadas de formação. Esteve no nacional de juniores e depois chegou aos seniores. Há grandes diferenças entre o treino de formação e o treino de seniores e também entre o futebol masculino e feminino?

Sim, há diferenças. Há diferenças de clube para clube, há diferenças do masculino para o feminino e há diferenças da formação para o futebol sénior. Na formação, temos que estar focados no desenvolvimento do jogador. Há pessoas que sempre se preocuparam nessa altura com o vencer rápido e ter sucessos imediatos. Considero que isso não é o mais importante. O mais importante é o desenvolvimento global do jogador, criar aptidões para que no futuro possa ter sucesso no desporto que pratica.

Nos seniores é diferente.

Quando chegamos aos seniores já se inverte um pouco aquilo que pensamos. Não é só a formação do jogador que é o mais importante, é também começarmos a trabalhar para os resultados, porque, supostamente, na formação já foi feito esse trabalho todo e apanhamos jogadores completamente formados, embora isso por vezes não aconteça. Nos seniores passa-se para uma fase de exigência máxima, onde podemos estreitar especificações em termos de posicionamento e outras coisas, que não podemos fazer pelo menos tão pragmaticamente no futebol de formação.

E em relação ao futebol feminino?

O futebol feminino tem uma coisa que em muitas alturas o masculino já não tem. Tem jogadoras que estão prontas a ouvir e a perceber aquilo que o treinador quer. Não se acham, muitas delas, que são as melhores jogadoras do mundo, que já não têm nada a aprender. Acham sim que qualquer treinador pode dar o seu contributo para melhorarem e aceitam isso naturalmente.

Teve dificuldades com jogadores nalgum clube?

Em alguns clubes por que passei no futebol sénior houve jogadores que, realmente, não aceitavam muito aquilo que os treinadores lhes pediam. Ou porque achavam que era muita exigência para a divisão onde estavam ou porque consideravam que as ideias não seriam as melhores. Acima de tudo, é essa a grande diferença que eu noto entre o futebol sénior masculino e o futebol sénior feminino.

O futebol feminino tem vindo a ganhar visibilidade com a entrada dos clubes grandes na competição.

Há uns anos não se esperaria ter o Benfica, Sporting ou Braga a competir no futebol feminino como vamos ter na próxima época na 1ª Liga. Equipas como o Fófó, o Ouriense, o Valadares eram equipas que estavam no topo e que, neste momento, vão ter muitas dificuldades para voltar ao topo.

É uma questão de orçamentos.

Realmente o investimento hoje é muito maior no futebol feminino e os grandes clubes começam a dar-lhe uma maior visibilidade, através dos canais que têm, a transmitir jogos, entrevistas com jogadoras. Tudo isso faz evoluir o futebol em Portugal e no mundo. Penso que essa diferença entre o masculino e o feminino vai ficando menor e que, algum dia, com justiça, chegue também a valores parecidos. Mas não estou a ver, nos próximos anos, contratações no feminino como, por exemplo, a do João Félix este ano.

Os feitos do Ouriense não tiveram a visibilidade merecida

Pedro Sampaio foi técnico adjunto da equipa feminina do Atlético Ouriense, orientada por Marco Ramos, que foi campeã nacional em 2014 e disputou na Liga dos Campeões. Até ao momento, o clube de Ourém foi o único de Portugal a passar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Perdeu depois com uma equipa da Dinamarca que era 5ª no ranking europeu.
“A visibilidade que foi dada nessa altura em nada se compara com a visibilidade que é dada neste momento a um jogo, por exemplo, Sporting-Benfica em futebol feminino. Não tem nada a ver. Esse feito passou um pouco ao lado precisamente porque no futebol feminino estávamos numa fase diferente daquela que estamos agora. Se fosse neste momento, o Ouriense seria uma equipa muito mais reconhecida”, diz o técnico.

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