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Cheguem-se para lá que também quero ser deputado

Jovial Serafim das Neves
Estou indignado com a violência com que a Câmara de Coruche castigou o funcionário que tem o saudável hábito de abandonar o serviço quando se sente mais fatigado. Vê lá tu que o multaram em vinte e um euros e dezassete cêntimos. Uma brutalidade.
As pausas no trabalho são aconselhadas por médicos de medicina no trabalho e incentivadas por respeitáveis organizações que estão sempre a alertar para o perigo do tal Burnout, o síndrome de extrema fadiga que, como sabes, afecta a quase totalidade dos trabalhadores portugueses e a nós próprios, como é sabido.
O trabalhador devia ser louvado e não multado desta forma bárbara. Ao defender a sua saúde física e psíquica ele está a defender os interesses do município porque não há nada pior para a população do concelho do que um funcionário stressado e burnausado a tratar da relva dos jardins.
No Entroncamento o antigo presidente da câmara, Jaime Ramos (PSD), que agora está na oposição, mostra uma excelente capacidade de adaptação ao novo posto político e não perdoa falhas à maioria socialista. A população devia erguer-lhe uma estátua por isso, digo eu.
Depois de ter estado doze anos no poleiro ele poderia descansar e gozar a reforma mas em vez disso, arriscando-se a entrar em burnout, não pára de dar nas orelhas à maioria socialista que é capitaneada pelo simpático e empático Jorge Faria.
Aproveitando a sua experiência de doze anos presidenciais, durante os quais a oposição o deixou à vara larga, como diz povo, Jaime Ramos mostra que não quer ser como a oposição que teve e lhe permitia fazer grandes asneiras, não perdoa o mais pequeno erro. O seu minucioso zelo em defesa da terra e dos populares chega a ser enternecedor.
A persistência do antigo presidente da câmara da cidade dos fenómenos em querer continuar a lutar pela sua terra, embora agora só com parlapié, contrasta com a postura do antigo presidente da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, o socialista Afonso Costa, que também passou para a oposição mas que não aguentou dois anos sem poleiro e renunciou ao lugar, deixando o povo órfão e entregue aos desmandos do seu sucessor.
Pode haver quem diga que, se calhar, foi melhor assim mas cá por mim é sempre bom para secções como os e-mails, Guarda-Rios ou Cavaleiro Andante, haver quem se presta a criticar os outros... esquecendo amnesicamente o que fez.
A escolha de candidatos para as eleições de Outubro já começou a fazer vítimas. No PSD foram varridos os anteriores deputados e até foi afastado o presidente da distrital, João Moura, que se preparava para ser o cabeça-de-lista. No Bloco de Esquerda, cada vez mais um partido como os grandes, quem apanhou uma vassourada foi o até agora deputado, Carlos Matias que ainda estrebuchou mas não teve sorte nenhuma.
Pela minha parte acho bem estas mudanças porque dão oportunidade a outros de verificarem o conforto das cadeiras do hemiciclo, saborearem os almoços da cantina a 4 euros e 27 cêntimos, decidirem sobre os seus ordenados e alcavalas, fazerem perguntas a pessoas importantes como Joe Berardo e Armando Vara e poderem votar de acordo com as indicações do chefe, sabendo antecipadamente que estão a votar bem, o que é um descanso.

Saudações parlamentares
Manuel Serra d’Aire

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