Não há drama se acabarem as touradas...mas o mais certo é não acabarem tão cedo
Quem esteve no Campo Pequeno a assistir à Corrida de O MIRANTE, esteve lá porque gosta mas a intensidade da paixão pela tauromaquia varia de pessoa para pessoa. Há quem aceite que se façam mudanças no espectáculo para proteger o toiro. Há quem acredite que o fim das touradas é inevitável e há quem esteja disposto a lutar pela manutenção da tauromaquia. Todos são unânimes em falar numa tradição cultural inestimável e quase todos os entrevistados assistiram à primeira tourada ao vivo quando ainda eram crianças, acompanhados pelos pais ou pelos avós.
Paula Vedor
Vice-presidente da Sociedade Musical Mindense
“As corridas de toiros
fazem parte da nossa
história”. Se um dia a festa brava terminasse acho que teria um grande desgosto. É algo que faz parte da nossa história e não existe qualquer motivo para acabar com uma tradição tão enraizada no nosso país e nomeadamente no Ribatejo. Todos temos liberdade de escolha e devemos respeitar os gostos de cada um.
Em criança, na altura da Feira do Ribatejo, fui com o meu pai a Santarém e ele levou-me a ver uma tourada na Praça Celestino Graça. A minha paixão pela tauromaquia vem daí.
Délio Pereira
Presidente da Junta de Freguesia do Cartaxo
“Vamos ter que mudar
alguma coisa para evitar o fim das touradas”. Os aficionados vão ter que fazer algumas cedências para que as touradas não acabem. Devíamos ser capazes de mudar alguma coisa para que se chegue a um consenso uma vez que a sociedade mudou e que as pessoas estão mais sensíveis em relação ao sofrimento dos animais.
Tinha seis anos quando os meus avós me levaram pela primeira vez a uma corrida de toiros durante a tradicional Feira dos Santos, no Cartaxo. Desde então sou um entusiasta da tauromaquia.
Paulo Vaz Tomé
Director de Comunicação e Relações Institucionais do Novo Banco
“Festa brava é importante para a economia do país”. As touradas não podem acabar porque fazem parte do nosso país e da nossa cultura. É fundamental que a festa brava se mantenha, até porque é um sector muito importante para a nossa economia e sobretudo para o Ribatejo, onde há toiros e cavalos. Todo este sector é fundamental para o desenvolvimento da região e do país.
A primeira vez que assisti a uma tourada foi no Campo Pequeno. Tinha cinco anos e quem me levou foi o meu pai. Lembro-me que gostei e continuo a gostar.
Inês Morais
Técnica de Recursos Humanos, de Rio Maior
“Gosto muito da Praça da
Nazaré”. Se as touradas acabarem vou ter pena porque fazem parte da nossa cultura e das tradições da nossa região. A primeira vez que fui a uma era muito pequenina, tinha três anos e fui com os meus pais. Dessa não me lembro mas lembro-me das que assisti na praça de touros da Nazaré que é uma praça de que gosto muito.
Eduarda Oliveira
Actriz no grupo de teatro Cegada, de Alverca
“Interessante ver antes
que esta cultura se
extinga”. Se as touradas acabassem não ficaria muito aborrecida. A primeira vez que fui a uma tourada foi o ano passado, também à corrida de O MIRANTE.
Gostei. É interessante ver e beber desta cultura antes que ela se extinga.
Rui Dionísio
Director artístico do grupo de teatro Cegada, de Alverca
“Movimentos de
contestação às touradas
fazem-nos pensar”. Será mais ou menos inevitável que, no percurso que a humanidade e a sociedade contemporânea estão a trilhar, deixe de haver lugar para um espectáculo que apesar de ser uma tradição e de fazer parte da nossa cultura é um espectáculo de sangue. Tal não me entristece porque faz parte da evolução dos tempos. Mesmo agora, a tourada e a tauromaquia têm que ver com territórios muito específicos. Não é por acaso que pouco mais de três dezenas de municípios têm cultura tauromáquica no universo dos 308.
Lembro-me de ver touradas na televisão portuguesa, e na espanhola, quando passava férias no Algarve. A primeira vez que assisti a uma ao vivo foi em Espanha, por insistência de um amigo. Foi há cerca de dez anos. Não estava preparado para assistir a uma tourada com toiros de morte.
Napoleão Vassalo
Gerente da Transportes Vassalo
“Também não gostava que me espetassem
farpas”. Se as touradas acabassem, acabava um pouco de mim. Elas fazem parte da tradição e sem elas também não haveria toiros. Muitos batem palmas aos forcados e aos cavaleiros mas eu prefiro bater palmas ao toiro. Juntos fazem uma bonita festa mas exalto o toiro. E por causa do toiro aceito que sejam feitas alterações nas touradas. Vejo-me na pele dele. Também não gostava que me espetassem farpas.
O meu pai obrigou-me a ir com ele a uma tourada na Praça Celestino Graça em Santarém quando eu tinha 12. Agora vou raramente. Vim a esta porque gosto muito de O MIRANTE e fui convidado.
Rui Mesquita
Empresário da área social em Moçambique
“A tauromaquia é um grupo de amigos onde me sinto bem”. Apesar de estar afastado de Portugal há já mais de uma década, continuo a ter prazer em assistir a esta manifestação da cultura e tradição portuguesa que é a tourada. Afasto-me um pouco da controvérsia que anda à volta das touradas porque não a acompanho. As minhas raízes são lisboetas e ribatejanas, com as do Ribatejo mais acentuadas, nomeadamente as de Vila Franca de Xira, onde as touradas fizeram parte do meu crescimento, do dia-a-dia e da tradição. Estudei em Santarém e fiz muitos amigos que são aficionados. Joguei rugby desde os oito anos e nas equipas de rugby sempre encontrei bastantes forcados amadores. A tauromaquia acaba por ser um grupo de amigos e um “sítio” onde me sinto bastante bem.
Gonçalo Eloy
Administrador da Agro-Ribatejo - Santarém
“Não sei se gostei mais da
tourada ou das queijadas”. As touradas fazem parte das nossa raízes e a nossa cultura mas se acabarem acho que irei encarar isso com naturalidade. Temos que admitir que os tempos vão mudando e que já há muitas pessoas que não apreciam este tipo de espectáculo
Quem primeiro me levou a uma tourada foi o meu pai, José Júlio Eloy. Foi na praça Celestino Graça em Santarém e eu tinha cinco anos. Recordo-me que gostei muito, até porque havia cor, música, cavalos...mas acho que gostei ainda mais por causa das queijadas que o meu pai me comprou.
Rafael Ferreira da Silva
Advogado - Salvaterra de Magos
“Devemos respeitar os gostos de cada um”. Há coisas mais importantes que as touradas e, por isso, se elas acabassem, eu não seria muito afectado. No entanto, defendo a continuidade desta tradição. Nem todos gostam, mas deve-se respeitar quem gosta. É um espectáculo que faz parte da identidade do nosso povo e da nossa gente. Tem esse valor e por isso deve ser preservado.
Não me lembro da altura em que assisti pela primeira vez a uma tourada. Admito que tenha sido quando tinha os meus onze anos e terei ido com alguns amigos à praça de toiros de Salvaterra de Magos.
João Cláudio
Veterinário - Clínica S. Francisco de Assis, Santarém
“Descobrir o espectáculo da festa brava é mágico”. Não imagino que possam acabar com as touradas. É uma tradição centenária, que deve ser preservada. É um espectáculo muito bonito, em que os artistas têm que estudar muito o que é o toiro, todo o seu maneio e a agilidade para saberem lidar com ele e saírem triunfadores.
Hoje trouxe o meu neto comigo para assistir pela primeira vez a uma corrida e ele gostou. Eu tinha a idade dele quando o meu avô me levou a uma tourada. Foi na Chamusca e foi mágico. Lembro-me que, apesar de criança, me senti um homem.
José Carreira
Director do Agrupamento de Escolas de Almeirim
“Sou de Santarém e foi lá que vi a primeira tourada com os meus pais”. Espero que as touradas não acabem porque fazem parte de uma tradição portuguesa que deve ser mantida. Deve respeitar-se quem não gosta mas quem gosta também tem direito a continuar a ver. A primeira vez que fui a uma corrida de touros tinha quatro ou cinco anos. Foi em Santarém, de onde sou natural. Fui com os meus pais que tinham o hábito de ir duas ou três vezes por ano. Adorei e continuo a ir sempre que posso.
Diamantino Duarte
Administrador Delegado da RSTJ - Gestão e Tratamento de Resíduos (Resitejo)
“Numa manifestação a
favor das touradas estarei na primeira linha”. Um país sem história nunca terá futuro e as tradições fazem parte da nossa história. Eu seria daquelas pessoas que se tivesse de me manifestar para que as touradas não acabassem estaria na primeira fila. Um bom ribatejano, como eu me prezo de ser, tem de estar na primeira linha de luta e mover as influências necessárias para que as corridas não acabem. É uma tradição de que aprendi a gostar aos nove anos quando vi a primeira corrida de toiros, na Praça de Santarém, que tinha sido inaugurada há pouco tempo. Lembro-me que nesse cartel estava o Mestre Manuel Conde. São momentos que nunca se esquecem.
Susana Nunes
Assistente dentária na Clinicalm - Almeirim
“Já fui a muitas touradas mas é a primeira no
Campo Pequeno”. Ficaria bastante triste se as touradas acabassem porque desde a infância que assisto a este espectáculo, a maior parte das vezes com familiares e amigos. Gosto imenso e é uma arte que deve continuar. Esta foi a primeira vez que estive no Campo Pequeno. É muito agradável, gostei imenso Era a experiência que me faltava. Foi no Cartaxo que contactei com corridas de toiros pela primeira vez. Tinha seis anos. O meu avô trabalhava nos curros e levou-me. Mais tarde passou a ser o meu pai a levar-nos bastantes vezes à Feira da Agricultura e agora continuo. Já tenho uma filha de oito anos que também gosta. O meu marido não gostava mas agora já começou a apreciar.
Nuno Castelão
Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca
“A minha família tem uma ligação forte à tauromaquia”.
Se as corridas de toiros acabassem, acabavam mas eu teria um desgosto porque é uma tradição que nos segue há tantos anos, com sentimentos muito enraizados. Tinha sete anos quando fui à primeira corrida de toiros. Foi na praça de toiros da Chamusca e no cartel figurava o cavaleiro João Moura. A minha família sempre teve um vínculo muito forte com a tauromaquia.