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Greve dos motoristas passa ao lado da população de Aveiras de Cima
Na terça feira, dia 13, O MIRANTE esteve em Aveiras de Cima a falar com a população

Greve dos motoristas passa ao lado da população de Aveiras de Cima

Portugal está em situação de crise energética, decretada pelo Governo, devido a uma greve de motoristas de matérias perigosas. Um dos palcos desta greve é em Aveiras de Cima mas o conflito quase passa ao lado da população.

Paulo Barata

A greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias está, literalmente, a passar ao lado das localidades de Aveiras de Cima e Aveiras de Baixo, onde, a poucos quilómetros, se localiza a sede da Companhia Logística de Combustíveis (CLC), um dos locais do país onde se concentram os grevistas. Desde segunda-feira, dia 12, que as localidades do concelho de Azambuja têm estado a toda a hora nas televisões.
No segundo dia de greve, na terça-feira, 13, O MIRANTE esteve em Aveiras de Cima e falou com vários populares e comerciantes, desgostosos com o facto de os grevistas não entrarem na vila. O que poderia ser uma forma de contribuir para a economia local que já viu melhores dias. Nas ruas quase vazias os mais velhos continuam a ocupar o largo principal da localidade, sentados nos bancos debaixo das árvores, alheios à greve e às movimentações na zona da CLC. A greve dos motoristas, que colocou o país em estado de emergência, nem sequer é tema de conversa. Quando se lhes pergunta o que acham do protesto dizem que são solidários com os motoristas.
David Nunes é um dos que considera que os motoristas ganham pouco para aquilo que fazem e para as horas que trabalham. José Luís Gato, outro dos populares, diz que está pouco preocupado porque já não usa carro nem precisa de comer muito para sobreviver.
Não há movimento anormal em Aveiras de Cima por causa desta greve. A economia local não ganha nada com este aparato. Os cafés e restaurantes não têm mais clientes. “Eles concentram-se todos na CLC e não saem de lá porque a Guarda Nacional Republicana (GNR) não deixa”, diz Vera Simão, proprietária de um café situado no centro da vila. Paulo Damas diz que quando foi a primeira greve alguns motoristas ainda chegaram a comer nos restaurantes da vila, “porque estava tudo muito desorganizado e a GNR nem sabia como actuar”. Nem mesmo os jornalistas se deslocam até ao centro da vila, acrescenta Paulo Damas.
Os populares e alguns comerciantes aprenderam a lição com a primeira greve e abasteceram as viaturas e reforçaram as reservas de produtos assim que começaram a ouvir falar na hipótese de uma segunda greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias.
As mercearias, talhos ou peixarias também tomaram as suas precauções. Madalena e Sandra Sousa, proprietárias de um mini-mercado, aumentaram o número de encomendas de produtos como leite, água e conservas não fosse haver problemas nas entregas. As proprietárias do mini-mercado dizem que durante a primeira greve, em Fevereiro deste ano, houve uma maior “euforia” entre a população.
No hipermercado Minipreço corre tudo dentro da “normalidade”. “Houve só um camião que teve um atraso, mas conseguiu abastecer e entregar a encomenda”, afirma Paulo Barata, colaborador deste espaço comercial. Na farmácia local, ao segundo dia de greve, nada falta. Mesmo durante a primeira greve não houve ruptura de stocks de medicamentos.
O dono da Padaria de Aveiras, João Almeida, estava com expectativas de aumentar as vendas com a permanência dos grevistas na localidade, mas desta vez não teve essa sorte. Nem sequer um pão vendeu aos motoristas em greve. Eduardo Caetano, instrutor na Escola de Condução da Estremadura, diz que não está “minimamente” preocupado com esta greve. Tem abastecido com a frequência normal o único veículo da escola. “Quando acabar o combustível e não houver como abastecer fica parado”, referiu sem preocupações, convencido de que essa realidade não vai acontecer.

Madalena Sousa e Sandra Sousa
Greve dos motoristas passa ao lado da população de Aveiras de Cima

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