Longe vão os tempos em que os festeiros ou juízes (cada terra dá o nome que entende a quem cabe organizar as festas de Verão em honra dos santos padroeiros) quase que brigavam para assumirem aquele cargo. Agora é vê-los a afastarem-se cada vez mais, não só destas obrigações, mas das aldeias ou vilas que os viram nascer e crescer.
Bem sei que o tempo das vacas gordas passou, que tudo dá muito trabalho a organizar e que a comissão organizadora gosta de trazer à terra nomes sonantes da música da actualidade. Mas as pessoas estão a esquecer o principal, que é a união. Não é preciso muito, ou pelo menos tanto quanto se pensa, para organizar uma bonita festa. Desde que haja vontade. Se houver mais união e menos soberba, todos ajudam. Há sempre quem possa contribuir com qualquer coisa. O que não pode acontecer é acabar com as tradições. Acabar com o que faz os nossos emigrantes regressarem às suas aldeias.
A notícia de O MIRANTE sobre a dificuldade em arranjar juízes na Póvoa de Santarém é apenas um exemplo do que se passa nas aldeias vizinhas e, infelizmente, um pouco pelo país. Os jovens cada vez menos ligados às terras e alguns mais focados em conhecerem-se (ou desconhecerem-se) para tentar perceber se nasceram mesmo homens ou mulheres, têm que ser cativados. Não podem ficar conhecidos como a geração transgénero, situação que o Governo anda a alimentar com medidas populistas em plena campanha eleitoral. Vou vendo o que se passa e isto está tudo interligado.
Basta passar pelas aldeias da nossa região para ver as novas modas de vestir, de estar, de pensar e, consequentemente, de agir. Agora, já não se bebe um copo de três ao balcão. Bebe-se um gin, mesmo fazendo cara feia. Modas deturpadas numa geração vazia...
Virgínia