A população e comerciantes da Asseiceira, concelho de Rio Maior, criticam os excessos praticados pelos automobilistas no troço da antiga Estrada Nacional 1 que atravessa a localidade. O elevado número de veículos que passa por ali diariamente e os excessos de velocidade praticados são algumas das queixas de quem ali vive e trabalha. Há ainda o problema das habitações estarem encostadas à estrada, o que representa risco acrescido e já causou vítimas.
A última foi Guilherme Agostinho, um menino de três anos residente na localidade que morreu atropelado. O caso ocorreu ao início da tarde de 20 de Agosto. A criança encontrava-se no café Os Padeiros, no centro da localidade, acompanhado pela mãe, quando decidiu correr até à rua saindo pela porta de emergência do estabelecimento, que fica directamente virada para a estrada.
Guilherme foi atropelado por um veículo ligeiro que seguia no sentido Rio Maior-Asseiceira, conduzido por um homem de meia idade residente na Ota (Alenquer), tendo acabado por ser projectado contra a grade de protecção de peões que se encontra do outro lado da estrada. A criança fracturou duas costelas e teve um traumatismo craniano. No local, a equipa médica da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Caldas da Rainha ainda conseguiu reverter a paragem cardiorrespiratória, mas o menino acabou por falecer na manhã seguinte no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, para onde foi transferido em estado crítico.

Ciclista morreu no mesmo local há seis anos
Miquelina Agreiro, de 67 anos, proprietária do estabelecimento e testemunha do atropelamento, diz que a população ficou em choque quando soube da situação. Dona do café Os Padeiros há mais de dez anos, a empresária refere que esta não é a primeira vez que acontece uma morte naquele local. Há seis anos, diz, durante o Carnaval, um homem que seguia de bicicleta foi atingido por um automóvel e viria a falecer.
Para a empresária de 67 anos, essa estrada é um perigo tanto para quem anda a pé como para quem conduz. Outras pessoas com quem falámos, mas que preferiram não ser identificadas, pronunciaram-se no mesmo sentido. “Basta colocar um pé na rua e estamos logo na estrada”, admite Miquelina Agreiro. Além disso, adianta, os veículos passam na localidade a alta velocidade o que tem deixado, com a trepidação, as paredes das habitações cheias de fissuras e danificado alguns vidros, como é o caso da montra dos bolos do estabelecimento que aguarda substituição.

Presidente da junta desolada

Contactada por O MIRANTE, a presidente da Junta de Freguesia de Asseiceira, Ana Filipa Raimundo, refere que realmente a circulação de veículos na localidade, sobretudo pesados, é grande, mas não tem representado perigo para a população. A autarca reconhece no entanto que a construção de habitações mesmo ao lado da estrada é um factor de risco.
“Infelizmente esta criança morreu e todos estamos desolados com a situação. Mas agora vamos passar a vida a arranjar culpados para isto?”, questiona a presidente da junta que acompanhou a mãe de Guilherme até à unidade hospitalar.

Cerimónias fúnebres enchem cemitério

A morte de Guilherme Agostinho deixou a população de Asseiceira bastante consternada. As cerimónias fúnebres decorreram na tarde de sexta-feira, 23 de Agosto, na Igreja da Misericórdia de Rio Maior, e contou com a presença de centenas de pessoas.

Mãe tinha ficado desempregada há uns dias

Guilherme Agostinho vivia na localidade de Asseiceira há alguns meses com a mãe e a irmã, de nove anos. A mãe tinha já trabalhado numa empresa de limpezas e num café perto de Asseiceira, mas há uns dias que estava desempregada. Na terra, quem conhecia Guilherme refere que era uma criança muito enérgica e sorridente.