Vítor Rodrigues trabalhou sempre na área da construção civil mas o problema de saúde da sua filha mais nova, Rita, mudou a vida da família residente em Tomar. A menina nasceu com um angioma no cérebro e, aos quatro anos, após cinco meses em coma, foi operada. Os médicos tiveram que lhe retirar quase metade do cérebro e Rita perdeu a capacidade de ver, falar e andar. Mas através da hipoterapia (terapia com cavalos) a criança começou a ter resultados e a recuperar, o que levou Vítor a construir um espaço só para a filha.
A hipoterapia passou a fazer parte do quotidiano da menina e, entretanto, começaram a surgir solicitações para que o empresário ajudasse outras crianças em situações semelhantes. Foi assim que nasceu, em 2005, o Centro Equestre Vítor Rodrigues, que tem também um cariz solidário: há cinco anos que Vítor Rodrigues realiza uma Gala Equestre, na praça de touros de Tomar, para ajudar instituições de solidariedade social (ver caixa).
Desde criança que o empresário da construção civil, de 58 anos, nascido no distrito de Viseu e que fez vida em Lisboa, lida com cavalos pois o seu pai possuía estes animais na sua terra natal, Várzea da Serra. Abdicou dos cavalos em 1994, na altura em que a filha mais nova esteve internada no hospital, por falta de disponibilidade. “Tanto eu como a minha esposa passávamos os dias no hospital. Eu só ia à minha empresa assinar papéis. Naquela altura não havia cabeça para mais nada”, recorda.
No entanto, os cavalos vieram a ter uma importância fundamental na sua vida. Foi o Padre Vítor Feytor Pinto, nas visitas que fazia semanalmente ao hospital, que lhe falou em terapia com cavalos. Perguntou-lhe se aquilo funcionava mesmo e decidiu arriscar.

De Torres Vedras a Tomar
Duas vezes por semana levava a filha a Torres Vedras, onde tinha os cavalos, para Rita estar com eles. Só passados dois meses é que a criança, na altura com sete anos, fixou o seu olhar no cavalo. “Foram precisos dois meses para vermos um pequenino progresso, mas que nos deu uma alegria imensa. Foi em cima do cavalo que começou a falar, dizia palavras como pai, mãe, cavalo”, conta.
E acrescenta: “Os médicos e terapeutas sempre disseram que a minha filha não iria recuperar do estado vegetativo em que estava. Dois anos depois levei-a ao hospital e mostrei aos médicos que a Rita conseguia pôr-se de pé e dar alguns passos sozinha. Ficaram espantados com a evolução”.
Vítor Rodrigues tinha um cliente da empresa de construção civil que queria vender uma propriedade em Tomar. O empresário ia com regularidade à cidade do Nabão e acabou por comprar a propriedade onde construiu a sua casa de família. Mais tarde, comprou outro terreno onde criou o centro equestre. Inicialmente o espaço era só para a filha mas algumas pessoas, que tinham filhos com problemas de saúde semelhantes aos de Rita, viam a evolução da menina, pediram ajuda e Vítor Rodrigues não conseguiu dizer que não.
Foi assim que nasceu, em 2005, o Centro Equestre Vítor Rodrigues. Actualmente, tem 28 cavalos e dois funcionários. Sabe os nomes de todos os seus animais de cor. Tem mais de uma centena de alunos nas suas aulas. Nem todos têm necessidades especiais mas há casos de pessoas que chegaram a estar acamadas. “Tive aqui um antigo jogador de futebol, de Famalicão, que o médico mandou vir para cá. Estava há quatro anos acamado. Depois de 68 sessões duplas saiu daqui a andar”, conta.
A filha mais velha, Felícia, de 37 anos, trabalha com o pai no centro equestre e também dá aulas de equitação. O empresário está com os cavalos todos os dias e ajuda a tratar deles. Quando está fora, no regresso é a eles que faz a primeira visita, para ver se estão bem.
Foi neste centro equestre que
O MIRANTE fez uma reportagem com Tiago Silva, o jovem de 13 anos, de Tomar, que participou num vídeo motivacional dos Jogos Paralímpicos..

Gala Equestre na sexta-feira para ajudar quem precisa

Vítor Rodrigues começou por organizar espectáculos equestres nas aldeias do concelho de Tomar e também pelo país. Há cinco anos, em conversa com o amigo Luís Boavida, falecido em 2018, decidiu organizar uma Gala Equestre solidária, na praça de touros de Tomar. O lema sempre foi “Ajudar a Ajudar” e é isso que continuam a fazer. Este ano, pela primeira vez em parceria com a Associação Luís Boavida, a quinta edição da Gala Equestre realiza-se esta sexta-feira, 30 de Agosto. A receita angariada reverte para a Associação Protectora dos Animais de Tomar (APAT) e para a Acrescer.