O presidente da Câmara da Barquinha, Fernando Freire (PS), está com pressa em dar emprego ao seu chefe de gabinete, num concurso duvidoso, e além de homologar a lista que coloca esse assessor político em primeiro lugar para ocupar o cargo de engenheiro civil da autarquia, mandou publicar a decisão no Diário da República. Mas a situação pode vir a complicar-se para os socialistas e a autarquia, já que pelo menos o segundo classificado no concurso vai avançar para a justiça, começando por pedir a anulação do concurso.
Apesar da confusão que se instalou à volta do concurso e do facto de haver indícios de que tenha existido favorecimento durante o processo de selecção, o presidente da câmara, Fernando Freire, não mandou suspender os procedimentos e avaliar a situação e, pelos vistos, quer garantir um emprego dourado a Ricardo Honório, já que entra directamente para os quadros e deixa de ter a instabilidade da nomeação política que o pode mandar para casa quando for eleito outro presidente. O autarca decidiu, com data de 18 de Julho de 2019, homologar a lista final e essa decisão foi publicada em Diário da República na semana passada, no dia 23 de Agosto.
A situação mais flagrante de que o concurso está ferido de isenção é a de a avaliação psicológica aos candidatos ter sido feita pela colega de trabalho da namorada de Honório. As duas são vistas juntas e para muitas pessoas da vila são consideradas como amigas. A outra situação que levanta dúvidas é ter sido ignorado que existiam candidatos a trabalhar já na função pública, que podem ter prioridade na entrada para os cargos. E já depois da lista ter sido homologada, o júri do concurso vem fazer um aditamento, a 24 de Julho, dizendo que num dos casos não foi mencionado, por lapso, que um concorrente tinha vínculo ao Estado por tempo indeterminado.
Curioso também é o facto de Honório, que segundo se sabe na terra não desenvolveu trabalho de engenharia civil até agora, ter ficado com mais 0,08 pontos que o segundo classificado, que obteve uma nota de 14,990. No mínimo este concurso está ferido eticamente, no que parece ser um enredo socialista, já que Ricardo Honório foi vereador da câmara, substituindo o pai que foi para presidente da Junta de Atalaia. E a psicóloga que fez a avaliação trabalha no Agrupamento de Escolas de Vila Nova da Barquinha, que depende em muita coisa da autarquia, onde também a namorada de Honório, psicóloga de formação, desenvolve trabalho num projecto que envolve a câmara.