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Um médico que tem na música o melhor remédio para o stress
Bernardo Neves é médico e apaixonado por música. Aprendeu a tocar trompete e instrumentos de percussão na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar

Um médico que tem na música o melhor remédio para o stress

Bernardo Neves integra a Orquestra Internacional de Médicos que dá espectáculos em vários pontos do globo. As duas paixões da vida de Bernardo Neves foram influência dos pais. A música através da mãe e a medicina pela mão do pai. É de Tomar e aprendeu música na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais. Formou-se em Medicina e trabalha em Lisboa. Integra a World’s Doctor’s Orchestra há cerca de cinco anos e já actuou em vários países. Em Setembro foi o organizador de dois concertos realizados no nosso país. É apaixonado pela cidade natal e diz que a Festa dos Tabuleiros é única pela capacidade de unir os tomarenses.

Bernardo Duque Neves sempre respirou medicina e música em casa. A mãe é professora de Música e o pai médico. Desde pequeno sonhava ser médico e gostava de tocar no piano lá de casa. Ouvir música na televisão ou na rádio e assistir a espectáculos musicais era uma alegria. Aos seis anos começou a ter aulas de música na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar, a sua terra natal.
Começou pelo trompete mas no final das aulas corria para junto dos instrumentos de percussão. Bateria, lâminas e tambores eram o seu fascínio. De tal maneira que os professores desistiram de lhe ensinar trompete e Bernardo passou a dedicar-se aos instrumentos de percussão. Completou o 8º grau do Conservatório. Sempre na Filarmónica Gualdim Pais, onde foi músico até ir estudar Medicina para Lisboa.
Durante os anos que estudou na Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa a música ficou posta de lado porque o tempo não era muito. Mesmo assim, de vez em quando tocava no Hot Club, na capital, onde se dedicou mais ao jazz e ao piano. “A música sempre foi uma paixão mas nem sempre foi fácil conciliar com a medicina, que me ocupa grande parte do tempo”, conta a
O MIRANTE o especialista em medicina interna que trabalha no Hospital da Luz.
Há cerca de cinco anos descobriu na internet a Orquestra Internacional de Médicos (World’s Doctors Orchestra) e decidiu candidatar-se a uma vaga. O primeiro concerto foi em Munique (Alemanha) e percebeu que havia poucos percussionistas por isso era mais fácil participar em vários espectáculos.
Essa orquestra nasceu há dez anos criada por um grupo de médicos, na maioria alemães, que têm em comum a paixão pela música. Realizam três ou quatro concertos por ano em vários pontos do globo. Já actuaram nos Estados Unidos da América, França, Itália, Polónia, entre outros. São mais de um milhar de médicos inscritos e as actuações de cada um vão alternando.
Bernardo Duque é um dos sete médicos portugueses que integram a orquestra e foi o responsável por organizar os dois espectáculos que se realizaram em Setembro, em Lisboa e no Porto. “Tenho conseguido tocar com a orquestra pelo menos uma vez por ano e tenho esperança que no futuro me consiga dedicar mais, mas não é fácil”, explica o médico, de 32 anos, durante a entrevista a O MIRANTE que decorreu no emblemático Café Paraíso, no centro histórico de Tomar.

Dinheiro angariado reverte para organizações ligadas à área da saúde
Todos os médicos recebem as partituras que devem ensaiar uns meses antes do espectáculo. Estes médicos têm todos experiência profissional na área da música por isso é mais fácil treinarem sozinhos. Depois reúnem-se uns dias antes e ensaiam durante três dias. Normalmente ensaiam às terças, quartas e quintas-feiras e os concertos realizam-se às sextas e sábados.
“É uma semana de estágio em que aproveitamos para conviver e desligar do stress e da correria do dia-a-dia no hospital. Falamos muito pouco de medicina. Aproveito e levo a minha família para estarmos todos juntos em férias”, explica o médico que é pai de duas meninas, uma de três anos e outra de três meses.
Um dos objectivos da World’s Doctors Orchestra é angariar fundos para Organizações Não Governamentais relacionadas com cuidados de saúde. O dinheiro angariado nos concertos de Lisboa e Porto reverteu a favor da Health4mOZ, uma associação portuguesa sem fins lucrativos, que actualmente é responsável pela reconstrução do Hospital da Beira, em Moçambique. Apoiaram ainda a delegação alemã dos Médicos do Mundo.

“Temos que saber ouvir para podermos ser bons médicos”

Bernardo Neves não confessa quantas horas trabalha por dia mas diz que são muitas. Gosta de ouvir os pacientes e falar com eles. “O médico acaba sempre por ser um bocadinho psicólogo. Ninguém consegue ser médico se não gostar de lidar com pessoas e tentar compreendê-las. Isso é o fundamental desta profissão e temos que saber ouvir para podermos ser bons médicos”, refere. Com duas filhas pequenas admite que os tempos livres que tem são dedicados à família.

Tomar tem muito potencial para crescer a nível turístico e económico

Bernardo Duque Neves nasceu a 16 de Março de 1987 em Tomar. Em criança, além de tocar música, também adorava brincar na rua e andar de bicicleta na zona do Mouchão. Coisas que lamenta que as suas filhas já não consigam fazer com a segurança de que Bernardo desfrutou. É um apaixonado por Tomar e tenta visitar a família (os pais e os sogros vivem na cidade do Nabão) uma a duas vezes por mês. Faz parte da comissão organizadora da Festa dos Tabuleiros, que considera uma festa única com capacidade de unir e orgulhar os tomarenses.
O especialista de medicina interna considera Tomar uma das cidades mais bonitas do mundo e garante que essa é a opinião de muitas pessoas que a visitam. Tomar aposta há várias décadas na cultura e a prova disso são as várias associações culturais que funcionam no concelho. Também na área do turismo defende que este tem sido potenciado e que existe espaço para melhorar e trazer ainda mais turistas a conhecerem a beleza da cidade.
“Tomar tem capacidade para se catapultar como um concelho de referência no país e até no mundo. Tem recantos e monumentos lindos que devem ser ainda mais divulgados”, afirma. Admite que faltam postos de trabalho que mantenham as pessoas a viver no concelho. “É uma lacuna que deve ser trabalhada e resolvida porque existe muito potencial para crescer e desenvolver o concelho do ponto de vista económico”, realça.

Um médico que tem na música o melhor remédio para o stress

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