A Câmara de Santarém não aceita ficar com o troço da Estrada Nacional 365 entre a Ribeira de Santarém e Assacaias, que a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) pretende desclassificar e entregar ao município, sem receber uma compensação financeira.
Na última sessão da assembleia municipal, o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves (PSD), disse que a IP quer incluir a desclassificação desse troço da EN365, com cerca de três quilómetros, no protocolo já existente que prevê a construção da, há muito falada, variante da Senhora da Saúde, que vai servir como alternativa à passagem de nível de Assacaias. Esse protocolo tem mais de uma década e prevê que o município e a IP repartam as despesas relativas à construção dessa variante à EN365 entre Assacaias e a Ribeira de Santarém.
O assunto foi levantado na assembleia municipal pelo presidente da Junta de Freguesia de Alcanhões, Pedro Branco (PSD), que disse ter sido informado pela IP que o projecto da variante estaria concluído até final de Setembro. O autarca exortou o presidente da câmara a pressionar a IP para que o processo possa agora avançar com mais celeridade.
Tal como O MIRANTE noticiou na sua edição de 10 de Janeiro de 2019, a Câmara de Santarém tem estado à espera que a Infraestruturas de Portugal entregue o projecto, para poder lançar o concurso para a variante. A construção dessa via alternativa às passagens de nível da Linha do Norte no trajecto entre Alcanhões e Ribeira de Santarém é falada e reivindicada há muitos anos pelos utilizadores da EN365 entre Alcanhões e Santarém. As passagens de nível da Linha do Norte causam diariamente grandes constrangimentos de trânsito.

Um protocolo com 14 anos
Recorde-se que, em Agosto de 2005, a Câmara de Santarém aprovou a celebração de um protocolo com a Refer (entretanto incorporada na Infraestruturas de Portugal), com vista à construção da variante à Estrada Nacional 365 nos arredores de Santarém. Nessa altura ficou definido que a autarquia e a Refer dividiam em partes iguais os custos da obra, cabendo à autarquia as despesas com as expropriações de terrenos necessários à nova via, que estavam estimadas na ordem dos 404 mil euros.
Catorze anos depois, a variante da Senhora da Saúde, como é habitualmente designada, continua por fazer e a ser objecto de debate político. E as previsões de prazos continuam a sair furadas. Na Assembleia Municipal de Santarém de Dezembro de 2018 o presidente da câmara referiu que a Infraestruturas de Portugal ficara de entregar, até de Julho de 2018, o projecto à autarquia para esta lançar o concurso público com vista à empreitada, mas tal não sucedeu.