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Empresa de pizzas do Porto Alto pede insolvência ao fim de ano e meio parada
Fábrica foi inaugurada pelo então ministro da Economia, Caldeira Cabral, em Setembro de 2017 mas durou pouco tempo

Empresa de pizzas do Porto Alto pede insolvência ao fim de ano e meio parada

A primeira fábrica de pizzas refrigeradas do país, que recebeu apoios do Estado para se instalar, não chegou a estar um ano a funcionar e agora, depois de ano e meio parada, pediu a insolvência, que já foi declarada pelo Tribunal do Comércio de Santarém.

A Brieftime - Indústria de Comércio de Produtos Alimentares S.A., empresa que abriu no Porto Alto (Benavente) a primeira fábrica de pizzas refrigeradas do país, foi declarada insolvente a 23 de Setembro pelo Tribunal do Comércio de Santarém. A insolvência vem pôr fim ao Plano Especial de Revitalização (PER) iniciado em 2018 que se revelou uma tentativa fracassada de salvamento da fábrica, que tinha recebido fundos comunitários para a sua constituição. Na altura em que pediu o PER, a fábrica ainda não estava a trabalhar há um ano e a empresa tinha dívidas de 6,6 milhões de euros.
Os credores têm, a partir da data de declaração da insolvência, 30 dias para reclamar os créditos que devem ser endereçados ao administrador nomeado, a quem cabe apresentar um plano de insolvência. A declaração de insolvência surge numa altura em que os administradores da empresa têm à perna o proprietário do armazém onde instalaram a unidade fabril entretanto abandonada. Tal como O MIRANTE tem vindo a noticiar, Sérgio Matos tem denunciado o estado calamitoso em que as instalações se encontram, com alimentos a apodrecer no interior e exigido aos responsáveis da Brieftime a limpeza e desinfecção do local.
As dificuldades financeiras começaram a surgir praticamente desde o início da comercialização, obrigando a administração a recorrer ao PER em Agosto de 2018 - um processo previsto na lei aplicável a empresas em situação económica difícil ou situação de insolvência iminente, para tentar reduzir a dívida com os seus principais credores. A fábrica já tinha cessado actividade em Janeiro de 2018, atirando meia centena de funcionários para o desemprego, com salários e subsídios em atraso.
Entre os maiores credores envolvidos neste plano de revitalização estavam a Caixa Geral de Depósitos, com um crédito reclamado de um milhão de euros, o Millennium BCP, com 220 mil euros, e a Caixa Económica Montepio Geral, com 238 mil euros. Nas dívidas ao Estado era ainda reclamado um montante de 43 mil euros pelo Instituto da Segurança Social.
A Brieftime tinha chegado ao Porto Alto afirmando-se como grande promessa para a criação de postos de trabalho e estreante no mercado nacional das pizzas refrigeradas que estava por explorar. A inauguração, em Outubro de 2017, teve a presença do então ministro da Economia, Caldeira Cabral. Na altura, Pedro Teixeira, um dos cinco administradores da Brieftime, referia que a empresa estava a entrar num nicho de mercado que valia 30 milhões de euros.
A instalação da fábrica foi paga com apoios nacionais e europeus na ordem dos 3,8 milhões de euros do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Em poucos meses já tinha acumulado um passivo de cerca de 830 mil euros. Chegou a produzir quatro mil pizzas por hora e a entrar na rede de distribuição para gigantes como a Sonae, Dia de Portugal e Dia de Espanha. É esta última rede de hipermercados uma das causas apontadas pela Brieftime para o cenário negro que se instaurou, devido à “total incapacidade de cumprir os prazos de pagamento acordados”, referiu a empresa em documento dirigido ao Tribunal Judicial da Comarca de Santarém, quando avançou com o pedido do PER.

Empresa de pizzas do Porto Alto pede insolvência ao fim de ano e meio parada

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