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“Sou professora com os meus filhos e mãe com os meus alunos” 
Para Margarida Direito os alunos mais irritantes são os que apanha a cabular

“Sou professora com os meus filhos e mãe com os meus alunos” 

Margarida Direito é uma professora da Chamusca que tocou diversas gerações. Alguns dos seus ex-alunos recordam-na como um exemplo e uma figura de referência não só pelo que ensina mas, principalmente, pela capacidade que tem em formar bons cidadãos. O MIRANTE falou com a professora Margarida a propósito do Dia Mundial do Professor, que se assinalou a 5 de Outubro.

Quando perguntamos à professora Margarida Direito qual é o desígnio de um professor a resposta é automática: “Acho fundamental a dimensão da formação. Os resultados são importantes, mas digo sempre aos meus alunos que mais importante do que terem boas notas é serem bons cidadãos”.
A docente, que reside e trabalha na Chamusca,dá um exemplo do que é um professor preocupado com o desenvolvimento humano de um aluno. “Hoje mesmo (sexta-feira, 4 de Outubro), na minha aula de Francês, mostrei um vídeo de uma canção francesa e acabei a falar com alguns alunos sobre o Holocausto”, conta a docente do 3º ciclo do ensino básico para explicar que é dever de um professor ir para além do que lhe é pedido que ensine.
Desde criança Margarida Direito sonhava ser professora, por influência da sua mãe que também tinha essa profissão. “A minha mãe teve sempre a preocupação de nos ensinar, de nos chamar a atenção para o mundo que nos rodeava”, diz. Hoje, com dois filhos, Margarida diz que ser professora é como uma segunda pele e nem em casa consegue deixar de sê-lo. “Sou professora com os meus filhos e mãe com os meus alunos, embora em casa tente manter o equilíbrio e o bom senso para deixá-los ser quem são”, explica, contando que por vezes não se livra de ouvir dos filhos um “lá estás tu a ser professora outra vez”.
Margarida Direito, 55 anos, gosta de todos os seus alunos, mas admite que tem alguns com quem se dá melhor. “Alguns alunos são mais comunicativos do que outros, abrem-se mais, e nós acabamos por dar mais troco”, explica. Os alunos mais irritantes são aqueles que apanha a cabular, porque acha uma atitude desonesta. “Não deixo passar em branco esse tipo de atitudes. Mas tento ser sempre pedagógica nas minhas chamadas de atenção”, afirma.
Considera-se uma sortuda por sempre ter trabalhado no distrito de Santarém, concretamente na Chamusca, onde lecciona há 29 anos. Diz que os alunos, na sua grande maioria, são simpáticos, afectuosos e reguilas, e o maior gozo que tem é vê-los crescer e perceber que teve razão quando mais tarde as vidas se voltam a cruzar e vê que tiveram sucesso. “Quando encontro um ex-aluno não me interessa saber se tem um bom emprego ou muito dinheiro. Sei que fiz o meu trabalho bem feito quando encontro um bom cidadão, honesto e feliz! Isso sim, é bom exemplo de sucesso”.
A conversa terminou com um desafio: já se imaginou directora da sua escola? “Nem pensar. Admiro muito quem pertence às direcções das escolas, mas acho muito mais frustrante lidar com adultos do que com os mais novos”, conclui.

“Sou professora com os meus filhos e mãe com os meus alunos” 

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