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“Fiz do hospital o meu escritório e isso ajudou-me muito”
Pedro Mota, proprietário da empresa Construmat, em Torres Novas, foi autarca durante mais de duas décadas

“Fiz do hospital o meu escritório e isso ajudou-me muito”

Pedro Mota, proprietário da Construmat, em Torres Novas. Pedro Mota fez todo o seu percurso profissional na área da construção civil. Há perto de duas décadas adquiriu a empresa onde trabalhava desde os 16 anos e ali dá emprego a três colaboradores. Nasceu e vive em Foros da Barreta, Caveira, mas os dias são passados em Torres Novas, cidade que diz ser excelente para viver e para ter um negócio. No último ano enfrentou um cancro e diz que não se deixou abater.

Quando deixei de estudar, no nono ano, arranjei emprego nesta empresa, que agora é minha. Tinha dezasseis anos e foi assim que vim parar ao mundo da construção civil. Passei por todos os trabalhos dentro da Manuel Santos Grave, que era como antes se chamava a empresa, até chegar a comercial. Aos 36 anos adquiri a empresa e dei-lhe o nome de Construmat. Sem contar comigo, dou trabalho a três pessoas.
Nunca me afastei do local onde nasci e cresci. Ainda moro nos Foros da Barreta. Estudei em Torres Novas, até ao nono ano e mais tarde completei o 12º ano nas Novas Oportunidades. Dancei no Rancho Folclórico Os Camponeses de Riachos até aos 18 anos e joguei futebol até me tornar empresário.
Reabilitar é uma obrigação e cabe-nos a nós cuidar daquilo que os mais velhos deixaram. Actualmente em Torres Novas há mais reabilitação do que construção nova. Por volta do ano 2006 o paradigma da construção mudou completamente. Hoje aposta-se mais na reabilitação do património que herdamos. As vendas na Construmat também reflectem essa preocupação. Vendemos sobretudo tintas, ferramentas, silicones, sanitários, materiais de canalização e de saneamento.
Fui dirigente associativo e neste momento faço parte de três associações. Depois de passar por todos os cargos sou presidente da assembleia geral do clube caveirense. Sou vice-presidente da ACIS – Associação de Comércio Indústria e Serviços de Torres Novas, Alcanena, Entroncamento e Golegã e sou vice-presidente da Escola Profissional de Torres Novas. Tenho um papel social muito activo que consigo conciliar com a vida profissional.
Também participei de forma activa durante muitos anos na vida autárquica. Fui autarca durante mais de duas décadas. Comecei em 1986, pelo Partido Social Democrata, na Junta de Freguesia de Santa Maria, Torres Novas. Afastei-me em 2010 porque já eram coisas de mais.
A abstenção é consequência da forma como os nossos partidos políticos têm actuado. Nestas últimas eleições senti que a campanha foi um pouco diferente, bastante participativa. Não foram só os dois principais partidos a ter tempo de antena e isso é bom, enriqueceu o debate. Pode ser que venha a dar resultados no futuro. A questão dos aproveitamentos e interesses individuais tem manchado um pouco a política.
Gosto de ler sobre economia, direitos humanos e gestão de recursos humanos. Aproveito para por a leitura em dia durante as férias. Também faço desporto. Gosto de ciclismo e aos domingos de manhã dou umas voltinhas de BTT com um grupo de amigos.
Falta uma universidade ou um politécnico em Torres Novas. É uma excelente cidade para se viver, tem tudo o que é fundamental, mas foi pena ter perdido a Escola Superior de Educação, no Colégio Andrade Corvo. Dava-lhe muita alma. Falta aqui o ensino superior e mais reabilitação de património mas a cidade também não é má para se ter um negócio.
Conviver com muita gente todos os dias realiza-me. Sou uma pessoa activa. Tenho sempre muita gente à minha volta. Mas não suporto desorganização e desleixo nem pessoas pouco preocupadas com a sociedade, com o que nos rodeia, com o próximo.
Tenho consciência ambiental e sou muito cuidadoso. Todos os produtos que têm que ser devidamente reciclados ou separados são tratados por parceiros, como por exemplo a Resitejo que vem buscar o cartão. Tenho investido muito em maquinaria para substituir a aplicação de solventes para uma base aquosa em tintas e vernizes. Os restos de corantes são devolvidos às fábricas que depois lhe dão o destino correcto. Nada vai parar ao contentor do lixo.
Há cerca de um ano foi-me diagnosticado um cancro gastrointestinal. Passei por uma fase complicada e ainda ando a fazer quimioterapia oral. Só termino o tratamento em finais de Novembro. As complicações provocadas pelo tumor levaram-me a ser operado várias vezes ao pulmão.
Encarei a doença com muita força, não me fui abaixo. Estive cerca de um mês no hospital, mas nunca parei de trabalhar. Tinha comigo o telefone e o computador, levavam-me documentos para assinar, fiz do hospital o meu escritório. Isso ajudou-me a abstrair-me da doença. Não me revoltei, foi preciso ir à procura de solução e foi o que fiz.

“Fiz do hospital o meu escritório e isso ajudou-me muito”

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