O Juventude da Castanheira vai eleger em assembleia geral extraordinária, a 31 de Outubro, os novos órgãos sociais, sem que o relatório de contas respeitante a 2018 tenha sido apresentado e discutido em assembleia geral. O presidente da associação, Mário Nuno Duarte, explica que um ataque informático bloqueou o acesso a todos os ficheiros, nomeadamente à lista de associados e contabilidade, e que a direcção está a tentar recuperar os dados perdidos e a compatibilizá-los com os documentos em papel.
Por lei a associação tinha até 31 de Março para levar a discussão, em assembleia geral, o relatório de contas do ano anterior. Situação que está não só a travar o acesso dos associados à situação financeira da associação, como a não permitir que seja libertada a verba de apoio atribuída pela Câmara de Vila Franca de Xira, que ronda os 22 mil euros anuais.
Mário Nuno, presidente da direcção desde 2003, adianta a O MIRANTE que não se vai recandidatar ao cargo, alegando motivos pessoais e profissionais e sublinha que este era o seu desejo há vários anos, mas que a falta de candidatos tem adiado a sua saída. Para estas eleições, assegura, já existe uma lista formada, com os 29 membros efectivos exigidos pelos estatutos, presidida por Paulo Torrão.

Eleições vêm com meses de atraso
Para além do relatório de contas, também as eleições vêm atrasadas, já que a actual direcção estava a cumprir um mandato extraordinário com a duração de um ano, cessado em Julho passado. “As eleições não foram cumpridas porque havia um conjunto de pressupostos que ainda não tinham sido alcançados”, justifica Mário Nuno, dando como exemplo a substituição do relvado sintético no campo de futebol, um investimento da Câmara de Vila Franca de Xira. Outro dos entraves foi a demora no aparecimento de uma lista, algo que já não surpreende nos 70 anos do Juventude da Castanheira.
Mário Nuno referiu que a gestão da associação não está isenta de erros e más decisões, mas nega práticas de gestão danosa. “Nem tudo numa gestão são flores. Não se agrada a toda a gente e tenho plena consciência que não agradei e que nem tudo foi bem feito. Mas não reconheço em momento algum gestão danosa a esta direcção”, afirma.
A associação enfrenta dificuldades financeiras, pela “dificuldade na obtenção de receitas e há pagamentos em atraso a fornecedores”, admite, assegurando que têm vindo a liquidar algum valor do passivo ao longo deste ano. O buraco financeiro deve-se, pela sua análise, a compromissos assumidos desde a construção do pavilhão desportivo, concluído em 2009, obrigando a que uma boa parte da fatia do orçamento esteja alocada a despesas correntes e de manutenção.

Candidato a presidente confia na gestão anterior
No caso de não aparecer mais do que uma lista, Paulo Torrão assumirá o cargo de presidente do Juventude da Castanheira. Não é novato nessas andanças, tendo assumido o mesmo cargo em 1987 e diz estar certo de ter “uma equipa forte para tomar conta do destino do Juventude”. Sobre a situação financeira da associação e a dúvida sobre o valor real da dívida, Paulo Torrão diz não estar preocupado. “Os problemas que houver para resolver são da associação. Sei que tem sido uma gestão difícil, mas estou preparado para o que vou encontrar e tomar as rédeas”, afirma, adiantando que a sua primeira meta como dirigente vai ser “fechar as contas de 2018 e 2019 para ter uma ideia real da situação da associação”.