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Um Mercedes que benze e uma demissão histórica

Abespinhado Manuel Serra d’Aire
O Ribatejo está a cheirar mal e não há desodorizante que abafe o pivete que vai pelo ar em vários pontos da região. Está pior que aquela malta avessa a banhos e que se pulveriza de perfume para disfarçar a falta de higiene corporal. Só que aqui não há perfumes para camuflar. Assim de repente lembro-me do cheiro a ovos podres numa escola de Santa Margarida, dos pivetes sulfurosos ou afins em Alcanena, em Alverca, em Torres Novas, em Vila Nova da Rainha e sei lá que mais. O Ribatejo, pelos vistos, está a precisar de uma barrela de alto a baixo antes que tenhamos que começar a usar máscara anti-gases.
Quero aproveitar este espaço que nos dão para deixar uma palavra de regozijo pela nomeação da ex-presidente da Câmara de Abrantes para ministra da Agricultura. As más línguas do costume trataram logo de zurzir na senhora, esquecendo ou desconhecendo as raízes rurais de Maria do Céu Albuquerque, nativa de Casais Revelhos que, decerto, já semeou e apanhou muita batata e outros hortícolas ao longo da vida. Sabe da poda, portanto. Não é da casta de alguns dos detractores que, provavelmente, quando vêem uma enxada são os primeiros a cavar.
E, já que estou com as mãos na massa, referir que, tal como tu, também eu não posso deixar passar em claro que, em Abrantes, o PSD - partido que ao longo da sua história sempre se mostrou avesso à ostentação e ao desperdício de recursos – tenha proposto à câmara a venda do Mercedes de luxo que foi comprado no ano passado pela anterior presidente do município, a socialista Maria do Céu Albuquerque, por considerar que a autarquia não necessita de uma bomba daquelas para transportar o séquito presidencial.
Esta estreiteza de horizontes é confrangedora vindo de social-democratas que deviam ter espírito empreendedor e reformista e olhar para cada aparente problema como uma oportunidade de negócio, em vez de debitarem ideias estapafúrdias com laivos marxistas. E a oportunidade, neste caso, é transformar o carro que serviu a nova ministra da Agricultura numa espécie de tuk-tuk turístico sofisticado, para dar a conhecer aos turistas o concelho que um dia foi gerido pela governante. Até já estou a ouvir o guia a explicar, enfaticamente, aos camónes boquiabertos: “Aqui, neste assento revestido a couro, sentou-se aquela que é hoje a ministra de todos os agricultores”. Se eu fosse dado a crenças em milagres e a trocadilhos parvos diria mesmo que esse Mercedes benze...
O cabeça-de-lista do Aliança por Santarém não conseguiu resultados brilhantes, ficando abaixo da estratosférica marca do 1%, o que o levou a demitir-se do cargo de coordenador da concelhia de Santarém e, depois, a desfiliar-se do partido, irritado com as críticas que lhe foram dirigidas. Rui Paulo Sousa não fica para a história pelo seu desempenho enquanto candidato, mas já conseguiu o sempre cobiçado título de primeiro dissidente do nóvel partido. Aliás, mais um bocadinho e ainda conseguia desfiliar-se antes do partido existir...

Saudações automobilísticas do
Serafim das Neves

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